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ESPAÇO
Marcos Pontes participa de palestras em São Paulo
Astronauta brasileiro defende a investigação aberta de acidentes
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A investigação de acidentes espaciais graves deveria ser aberta,
segundo Marcos Cesar Pontes, o
astronauta brasileiro em treinamento no Centro Espacial Johnson, da Nasa. Ele se mostrou surpreso ao ficar sabendo que não
houve relatos parciais sobre o andar dos trabalhos da comissão encarregada de investigar o acidente
com o foguete VLS-1, em 22 de
agosto. "Não tem um site com informações? Nada?", perguntou.
Embora ressalve não estar
acompanhando de perto as investigações da tragédia brasileira que
matou 21 pessoas no Centro de
Lançamento de Alcântara (MA),
ele usa como exemplo positivo os
procedimentos nos EUA após a
perda do ônibus espacial Columbia e seus sete tripulantes, em 1º
de fevereiro.
"Todo mundo viu como foi lá",
disse, referindo-se às audiências
públicas regulares e aos relatórios
parciais da comissão independente liderada pelo almirante Harold Gehman para verificar os
procedimentos usados pela Nasa.
Pontes está no Brasil para participar de uma série de eventos. Esteve ontem no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em
São José dos Campos, e na Universidade Anhembi-Morumbi,
em São Paulo, para a abertura da
Expoar, uma exposição aeronáutica que vai até sexta.
Pontes traz boas notícias. A primeira é de que se intensificaram
as negociações para a realização
de experimentos brasileiros a
bordo da ISS (Estação Espacial Internacional). Poucas semanas
atrás, o presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Luiz Bevilacqua, havia estado com Pontes
em Washington numa reunião
com o grupo de planejamento
científico da ISS.
"Já estamos trocando figurinhas
há tempos a respeito disso", diz o
astronauta, que participou da mediação. "Se tudo correr bem, os
primeiros cientistas brasileiros
devem começar a trabalhar em
projetos para a ISS já no início do
ano que vem."
Segundo Pontes, por ora está
mantida a perspectiva de retomar
os vôos dos ônibus espaciais em
setembro de 2004. "Pelo que estão
dizendo lá, é a data mais realista."
Se tudo seguir os planos atuais da
Nasa, sua decolagem rumo ao espaço deve ocorrer em 2006.
A propósito, os americanos
mostraram certa apreensão com a
possibilidade levantada pelo ministro da Ciência e Tecnologia,
Roberto Amaral, de lançar Pontes
em órbita numa nave chinesa. "As
notícias correm. Eles me perguntaram se havia algo de mais concreto nisso", conta o astronauta.
O espaço, segundo Pontes, seria
só mais uma etapa em sua missão:
"Depois que eu voar, quero trazer
outro para ser treinado aqui. Em
tese, há espaço para dois. Aí eu
volto e participo do programa
ajudando com os contatos que
formei com as agências espaciais
do mundo todo", diz o primeiro
astronauta brasileiro. "O que eu
não quero é ser o último."
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