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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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ESPAÇO

Marcos Pontes participa de palestras em São Paulo

Astronauta brasileiro defende a investigação aberta de acidentes

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A investigação de acidentes espaciais graves deveria ser aberta, segundo Marcos Cesar Pontes, o astronauta brasileiro em treinamento no Centro Espacial Johnson, da Nasa. Ele se mostrou surpreso ao ficar sabendo que não houve relatos parciais sobre o andar dos trabalhos da comissão encarregada de investigar o acidente com o foguete VLS-1, em 22 de agosto. "Não tem um site com informações? Nada?", perguntou.
Embora ressalve não estar acompanhando de perto as investigações da tragédia brasileira que matou 21 pessoas no Centro de Lançamento de Alcântara (MA), ele usa como exemplo positivo os procedimentos nos EUA após a perda do ônibus espacial Columbia e seus sete tripulantes, em 1º de fevereiro.
"Todo mundo viu como foi lá", disse, referindo-se às audiências públicas regulares e aos relatórios parciais da comissão independente liderada pelo almirante Harold Gehman para verificar os procedimentos usados pela Nasa.
Pontes está no Brasil para participar de uma série de eventos. Esteve ontem no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos, e na Universidade Anhembi-Morumbi, em São Paulo, para a abertura da Expoar, uma exposição aeronáutica que vai até sexta.
Pontes traz boas notícias. A primeira é de que se intensificaram as negociações para a realização de experimentos brasileiros a bordo da ISS (Estação Espacial Internacional). Poucas semanas atrás, o presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Luiz Bevilacqua, havia estado com Pontes em Washington numa reunião com o grupo de planejamento científico da ISS.
"Já estamos trocando figurinhas há tempos a respeito disso", diz o astronauta, que participou da mediação. "Se tudo correr bem, os primeiros cientistas brasileiros devem começar a trabalhar em projetos para a ISS já no início do ano que vem."
Segundo Pontes, por ora está mantida a perspectiva de retomar os vôos dos ônibus espaciais em setembro de 2004. "Pelo que estão dizendo lá, é a data mais realista." Se tudo seguir os planos atuais da Nasa, sua decolagem rumo ao espaço deve ocorrer em 2006.
A propósito, os americanos mostraram certa apreensão com a possibilidade levantada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, de lançar Pontes em órbita numa nave chinesa. "As notícias correm. Eles me perguntaram se havia algo de mais concreto nisso", conta o astronauta.
O espaço, segundo Pontes, seria só mais uma etapa em sua missão: "Depois que eu voar, quero trazer outro para ser treinado aqui. Em tese, há espaço para dois. Aí eu volto e participo do programa ajudando com os contatos que formei com as agências espaciais do mundo todo", diz o primeiro astronauta brasileiro. "O que eu não quero é ser o último."


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