São Paulo, Domingo, 12 de Dezembro de 1999


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CIÊNCIA
Foi o segundo protótipo do projeto VLS que apresentou falha
Foguete brasileiro sobe, mas é explodido após 200 segundos

RICARDO BONALUME NETO
enviado especial a São José dos Campos

O segundo protótipo do foguete brasileiro VLS (veículo lançador de satélites) teve de ser destruído após 200 segundos de vôo, depois que seu segundo estágio não acendeu conforme previsto. O lançamento ocorreu no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão.
Ao contrário do fracasso do primeiro foguete VLS, em novembro de 97, desta vez os quatro propulsores do primeiro estágio funcionaram.
"Avançamos um pouco", disse Márcio Nogueira Barbosa, diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). "Esse lamentável episódio serve como mais um aprendizado."
O programa do foguete VLS-1, produzido pela Aeronáutica, prevê a construção de quatro foguetes. O terceiro VLS provavelmente será lançado em 2001, segundo o diretor do Inpe, levando a bordo um satélite franco-brasileiro cuja construção começará em maio de 2000.
O foguete carregava o satélite científico Saci-2 que, segundo o Inpe, custou R$ 2,04 milhões.

Problemas
O VLS e o Saci são dois projetos até agora com problemas.
O primeiro foguete VLS teve de ser destruído depois que um dos quatro motores de seu primeiro estágio não funcionou, em novembro de 97.
E o Saci-1, apesar de colocado na órbita certa em outubro, não tem conseguido se comunicar com os técnicos do Inpe.
O instituto utiliza hoje três satélites para colher dados meteorológicos e ambientais de 350 plataformas de coleta espalhadas pelo Brasil e países vizinhos da América do Sul. São os SCD-1 e SCD-2 (Satélite de Coleta de Dados) e o CBERS-1 (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), todos lançados por foguetes estrangeiros.

Missão
A missão prevista para o segundo Saci também era a de continuar a atividade de coleta de dados meteorológicos e ambientais e retomar os experimentos do Saci-1, da área de geofísica espacial.
O objetivo dos experimentos é entender melhor aspectos de duas camadas da atmosfera terrestre, essenciais para o conhecimento das comunicações e do clima, a ionosfera e a magnetosfera.
Os experimentos são conhecidos pelos acrônimos Plasmex (Estudo de Bolhas de Plasma), Photoex (Fotômetro de Aeroluminescência), Magnex (Experimentos geomagnéticos) e Orcas (Observação de Raios Solares Anômalos).
O Saci-2 tinha 80 kg e a forma de um prisma retangular com painel circular de 108 cm de diâmetro. A altura era de 60 cm e a largura era de 47 cm. Ele foi projetado para realizar uma órbita ao longo da linha do Equador, a uma altitude de 750 km.
Dos seis sensores a bordo, cinco foram feitos no Brasil.
O irmão menor, Saci-1, tem 60 kg, e 57 cm de diâmetro por 44 cm de altura e 44 cm de largura. Também foi projetado para uma altitude de 750 km.


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