São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 2001

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PANORÂMICA

GENÉTICA

Centro diz que mães de portadores de distrofia não devem engravidar
A publicação de reportagem sobre pesquisa de cura da doença genética distrofia muscular de Duchenne, anteontem na Folha, provocou uma avalanche de telefonemas para o Centro de Estudos do Genoma Humano da USP. Segundo Mayana Zatz, coordenadora do centro, muitas mães já começam a considerar a possibilidade de engravidar para tentar curar seus filhos portadores da doença.
A cura pelo transplante de células-tronco obtidas do cordão umbilical está longe de ser comprovada, explica Zatz (células-tronco guardam a capacidade de migrar para vários tecidos -como músculos- e "ensiná-los" a produzir células sem defeito). Ainda precisam ser concluídos experimentos com cães, o que pode demorar mais de um ano, para então serem iniciados estudos com seres humanos -e não há garantia alguma de que tenham sucesso.
Mais que isso, as mães com filhos portadores da distrofia de Duchenne têm 50% de chance de gerar outro filho doente, caso engravidem. O caso da família Kerschbaum, retratado na reportagem, é raro: os pais não são portadores do gene da doença, que resultou de uma mutação sofrida pelo filho mais velho.
A solução, caso o transplante de células-tronco tenha sucesso contra a distrofia, virá dos bancos de cordões umbilicais, como o que está sendo criado no Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.
Quando um banco desses alcança a marca de 100 mil cordões congelados, torna-se de 100% a chance estatística de encontrar entre eles material compatível com um portador qualquer da distrofia de Duchenne. Ou seja, não haveria necessidade de as mães dos portadores engravidarem, na esperança de obter células-tronco com menor risco de rejeição do cordão umbilical do novo filho.
Zatz dá um conselho para qualquer mulher que engravide: ver com seu médico a possibilidade de congelar o cordão umbilical. No futuro, diz ela, as células-tronco ali presentes poderão ser úteis no combate de muitas doenças. (DA REDAÇÃO)


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