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Prótese da USP é aprovada nos EUA
ADRIANA MATIUZO
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A FDA (Food and Drug Administration), agência que regulamenta a liberação de alimentos e
drogas no mercado dos EUA,
aprovou e deve emitir até o mês
que vem o certificado sobre o uso
de próteses à base de óleo de mamona, uma tecnologia desenvolvida pelo Instituto de Química da
USP (Universidade de São Paulo)
de São Carlos.
As próteses brasileiras são mais
baratas e têm um índice de rejeição praticamente nulo, em comparação às atualmente usadas no
mercado, feitas de silicone. O material foi descoberto para a medicina de forma inusitada, em 1984,
enquanto Gilberto Chierice, coordenador da pesquisa, pesquisava
produtos para telefonia.
Ele disse não ter imaginado à
época que um polímero -substância composta uma longa cadeia de pequenas moléculas baseadas em átomos de carbono-
formado a partir do óleo de mamona seria útil para a medicina.
Ele prestava serviços para a Telebrás e seu objetivo era encontrar
um material para revestimento de
fios e cabos telefônicos.
Na década de 90, o hospital
Amaral de Carvalho, de Jaú, com
dificuldades financeiras, pediu o
apoio da universidade para modernizar e consertar equipamentos. Foi aí que descobriram que o
material sintetizado por Chierice
seria útil para próteses. Hoje há
próteses desse material substituindo colunas vertebrais, crânios, mandíbulas, dentes, mamas
e testículos, entre outros.
Ao conhecer o material produzido a partir do óleo de mamona,
o urologista Renato Prado Costa
teve a idéia de criar próteses para
testículos. Depois de viabilizar a
produção, os pesquisadores passaram a implantar as próteses em
animais, para testes. "O resultado
não é meu. É o país que ganha.
Não conheço nada desenvolvido
no Brasil que tenha sido aprovado
por um órgão reconhecido como
a FDA", afirmou Chierice.
Até hoje, 50 pares de próteses de
testículos foram implantados no
hospital de Jaú, que atende pelo
SUS (Sistema Único de Saúde).
Chierice, que tem a patente do
produto, disse que o hospital é
uma referência no tratamento de
câncer -um dos motivos é a implantação das próteses.
Para o pesquisador, o reconhecimento internacional vai fazer
com que as próteses se popularizem no mercado americano.
Além de testículos, as próteses
foram implantadas em Jaú em 16
pênis e 12 mandíbulas.
"De todas as que implantei, só
uma apresentou problemas, mas
foi um problema muito específico
de pele do paciente, que não deve
ser entendido como uma rejeição", disse Costa.
Outra vantagem, segundo ele, é
que as próteses de silicone podem
pesar até 400 gramas, enquanto as
de óleo de mamona chegam a 90
gramas. O custo também é 10%
inferior ao das próteses comuns.
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