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Ricos têm proposta "vaga" contra emissões
Yvo de Boer, chefe da Convenção do Clima da ONU, diz que G8 deve cortar CO2 em 2020 e não só em 2050
RENATE KRIEGER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BONN
Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção do Clima
das Nações Unidas, exortou ontem os países industrializados a
detalhar melhor suas idéias no
âmbito das negociações de um
novo acordo de combate aos
efeitos das mudanças climáticas para substituir o protocolo
de Kyoto, a partir de 2013.
Segundo De Boer, os países
em desenvolvimento ainda estão esperando um sinal dos países ricos sobre o qual será sua
contribuição. Muitas das posições ainda são "incrivelmente
vagas", um fato especialmente
preocupante para o resultado
das negociações.
"Politicamente, teremos sérios problemas se Copenhague
falhar", afirmou De Boer a jornalistas, um dia antes do fim da
segunda rodada de negociações
da Convenção do Clima em
Bonn. O encontro termina hoje
e é parte de uma série de oito
reuniões que culminará com a
redação do novo tratado na capital dinamarquesa, em 2009.
Para De Boer, o fator mais
crítico das negociações é o financiamento de medidas para
que os pobres possam lutar
contra as mudanças climáticas.
O combate ao aquecimento global deverá custar cerca de 150
bilhões anuais até 2030. A conta poderia ser atenuada com o
chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL),
através do qual países industrializados investem em projetos ambientais nos países pobres em troca de créditos de
carbono. Se os ricos concordarem em reduzir suas emissões
de poluentes em até 80% até a
metade do século, o MDL poderia gerar cerca de 100 bilhões
de dólares anuais.
Alguns dos 172 países reunidos em Bonn também consideram alterar para 2005 o ano-base dos cálculos para metas de
redução do CO2. Hoje, os cientistas fazem projeções partindo
dos níveis de poluição registrados em 1990. O IPCC (Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas) disse no
ano passado que as nações desenvolvidas teriam que cortar
suas emissões entre 25 e 40%
até 2020 para que a temperatura média do planeta não suba
mais de 2C.
Segundo Yvo de Boer, essa
idéia era impensável até um
ano atrás, mas os delegados
reunidos em Bonn a consideram uma maneira de incluir os
Estados Unidos, que não ratificaram o protocolo de Kyoto,
num novo acordo.
Médio prazo
Em entrevista à Folha na
quarta-feira, De Boer também
pediu que o G8, grupo dos sete
países mais industrializados do
mundo e a Rússia, restrinja
suas emissões de gases de efeito estufa até 2020.
"Acho que o G8 não deveria
se concentrar apenas no longo
prazo (2050), mas em como estarão os níveis de suas emissões no médio prazo", disse o
holandês, questionando a relevância de metas longas para
aqueles que têm interesse em
usinas eólicas, por exemplo.
O Japão, país-sede da cúpula
do G8 entre os dias 7 e 9 de julho, anunciou na segunda-feira
que quer reduzir suas emissões
de gases-estufa de 60% a 80%
até o meio do século.
Na terça-feira, o presidente
dos EUA, George W. Bush, afirmou durante sua visita de despedida à Europa que considera
possível obter um acordo para
lutar contra o aquecimento
global até o final de seu mandato -se grandes economias
emergentes como a Índia e a
China forem incluídas na conta. Por causa dessa condição,
De Boer estima que "não vai
ser fácil" chegar a um consenso
no âmbito do G8 (Alemanha,
EUA, Reino Unido, Canadá,
França, Itália e Rússia).
Com agências internacionais
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