São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2000


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ESPAÇO
Pesquisa mostra que rede de microtúbulos que compõe o esqueleto celular não consegue se formar corretamente
Ausência de gravidade prejudica células

DEBORA MACKENZIE
DA "NEW SCIENTIST"

Os esqueletos que existem dentro das células podem não se formar da maneira certa em ambiente de gravidade zero, segundo cientistas franceses. Essa informação pode minar as ambições humanas de missões tripuladas de longa duração no espaço -ao menos sem gravidade artificial.
A maioria das células possui um esqueleto composto por uma rede de microtúbulos, pequenas fibras feitas de uma proteína, a tubulina.
A pesquisa foi coordenada por James Tabony, da Comissão Francesa de Energia Atômica, em Grenoble. Ele verificou que, quando soluções frias de tubulina de mamíferos são aquecidas à temperatura do corpo por seis minutos, uma rede de microtúbulos começa a se formar.
A novidade é que as redes se formam em ângulos determinados pela força da gravidade. Para provar isso, a equipe enviou tubulina em um foguete da ESA (Agência Espacial Européia), onde dois experimentos foram realizados.
Em um deles, a tubulina era colocada em uma centrífuga, para simular presença de gravidade. No outro, foi mantida a força gravitacional desprezível que existe em naves em órbita.
A tubulina colocada na centrífuga formou as redes normalmente, mas a exposta à gravidade desprezível desenvolveu microtúbulos em todas as direções. "Isso mostra que a gravidade determina o padrão", disse Tabony.
"Os físicos afirmavam que a pesquisa não valia a pena porque a gravidade é muito pequena -se comparada às forças eletrostáticas e térmicas- para afetar reações químicas", afirmou Didier Schmitt, do Centro de Pesquisa e Tecnologia Espacial da ESA em Noordwijk, Holanda. "Isso prova que eles estavam errados."
O trabalho de Marian Lewis, da Universidade do Alabama, EUA, sugere que a gravidade pode também ajudar a orientar os microtúbulos dentro de células vivas. O experimento dela consistiu no envio de células humanas (glóbulos brancos do sangue) a bordo de um ônibus espacial.
"Normalmente, os microtúbulos formam fibras contornando a membrana celular", conta Lewis. Após um dia em órbita, os microtúbulos estavam indo em direções aleatórias. Ainda não se sabe se o responsável foi a microgravidade ou vibrações da decolagem.
A descoberta poderia explicar alguns dos problemas de saúde pelos quais passam astronautas após longos períodos no espaço, como o enfraquecimento do sistema de defesa do corpo.


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