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ESPAÇO
Pesquisa mostra que rede de microtúbulos que compõe o esqueleto celular não consegue se formar corretamente
Ausência de gravidade prejudica células
DEBORA MACKENZIE
DA "NEW SCIENTIST"
Os esqueletos que existem dentro das células podem não se formar da maneira certa em ambiente de gravidade zero, segundo
cientistas franceses. Essa informação pode minar as ambições
humanas de missões tripuladas
de longa duração no espaço -ao
menos sem gravidade artificial.
A maioria das células possui um
esqueleto composto por uma rede
de microtúbulos, pequenas fibras
feitas de uma proteína, a tubulina.
A pesquisa foi coordenada por
James Tabony, da Comissão
Francesa de Energia Atômica, em
Grenoble. Ele verificou que,
quando soluções frias de tubulina
de mamíferos são aquecidas à
temperatura do corpo por seis
minutos, uma rede de microtúbulos começa a se formar.
A novidade é que as redes se formam em ângulos determinados
pela força da gravidade. Para provar isso, a equipe enviou tubulina
em um foguete da ESA (Agência
Espacial Européia), onde dois experimentos foram realizados.
Em um deles, a tubulina era colocada em uma centrífuga, para
simular presença de gravidade.
No outro, foi mantida a força gravitacional desprezível que existe
em naves em órbita.
A tubulina colocada na centrífuga formou as redes normalmente, mas a exposta à gravidade
desprezível desenvolveu microtúbulos em todas as direções. "Isso
mostra que a gravidade determina o padrão", disse Tabony.
"Os físicos afirmavam que a
pesquisa não valia a pena porque
a gravidade é muito pequena -se
comparada às forças eletrostáticas e térmicas- para afetar reações químicas", afirmou Didier
Schmitt, do Centro de Pesquisa e
Tecnologia Espacial da ESA em
Noordwijk, Holanda. "Isso prova
que eles estavam errados."
O trabalho de Marian Lewis, da
Universidade do Alabama, EUA,
sugere que a gravidade pode também ajudar a orientar os microtúbulos dentro de células vivas. O
experimento dela consistiu no envio de células humanas (glóbulos
brancos do sangue) a bordo de
um ônibus espacial.
"Normalmente, os microtúbulos formam fibras contornando a
membrana celular", conta Lewis.
Após um dia em órbita, os microtúbulos estavam indo em direções
aleatórias. Ainda não se sabe se o
responsável foi a microgravidade
ou vibrações da decolagem.
A descoberta poderia explicar
alguns dos problemas de saúde
pelos quais passam astronautas
após longos períodos no espaço,
como o enfraquecimento do sistema de defesa do corpo.
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