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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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PANORÂMICA

ARQUEOLOGIA

Cientistas da USP encontram 14 sepulturas de 8.500 anos em sítio mineiro
Um grupo de 14 sepultamentos humanos pré-históricos foi encontrados por pesquisadores da USP na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, aumentando o número de indícios fornecidos pela área sobre a ocupação da América. Os esqueletos devem ter cerca de 8.500 anos, mas pertencem à mesma população paleoíndia de Luzia, o ser humano mais antigo do continente, com 11.500 anos.
O bioantropólogo Walter Neves, do Centro de Estudos Evolutivos da USP e coordenador do trabalho, disse que não esperava, a princípio, encontrar tamanha riqueza de fósseis.
"Eu não dava nada por aquele sítio", afirma, referindo-se à Lapa do Santo, perto do município de Matozinhos (a cerca de 50 km de Belo Horizonte). Mesmo assim, as escavações coordenadas pelo arqueólogo Renato Kipnis revelaram sepulturas de adultos e crianças a cerca de 30 cm de profundidade.
Como o carvão datado pelos pesquisadores quase na superfície tem 8.000 anos, supõe-se que os esqueletos sejam ligeiramente mais antigos, mas ainda é preciso aguardar a datação dos próprios ossos para confirmar isso.
Os esqueletos de dois adultos e duas crianças revelam, segundo Neves, traços de manipulação ritual dos ossos depois da morte, como cremação e desarticulação do esqueleto -o que os arqueólogos chamam de sepultamento secundário. A prática é rara entre os chamados paleoíndios -o único outro exemplo foi encontrado pela equipe de Neves no sítio de Boleiras, não muito distante.
Para Neves, a concentração de tantos esqueletos por volta de 8.500 anos apóia a teoria de que a região de Lagoa Santa só foi densamente ocupada por seres humanos nessa época. Antes disso, a região teria sido árida demais. O bioantropólogo diz que mais material importante pode estar oculto sob os níveis já escavados do sítio: "Isso coloca Lapa do Santo entre os locais com maior número de esqueletos paleoíndios das Américas".
(FREE-LANCE PARA A FOLHA)


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