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GENÉTICA
Pesquisa italiana sugere que mulheres aparentadas a homossexuais masculinos têm famílias maiores que a média
Gene "gay" aumenta fecundidade feminina
STEVE CONNOR
DO "INDEPENDENT"
Parentes mulheres de homossexuais masculinos têm famílias
maiores do que a média, afirma
um controverso estudo recém-publicado que procura responder
a questões sobre a base biológica
da homossexualidade. O estudo,
no entanto, também mostra que
isso só acontece no caso de parentes do lado materno.
O achado é importante porque
explica uma aparente contradição
da teoria do "gene gay", que implica em que, se a homossexualidade é genética, esses genes tenderiam a desaparecer, uma vez
que homossexuais masculinos
tendem a ter menos filhos que os
heterossexuais.
No entanto, o problema é resolvido se os mesmos fatores que levam à predisposição à homossexualidade em homens causarem
uma correspondente alta na fecundidade de parentes mulheres
desses homens.
Isso significa que os fatores genéticos que supostamente predispõem os meninos a se tornarem
homossexuais nunca serão eliminados de uma população, porque
suas irmãs, mães e tias maternas
continuarão a espalhar os genes
-uma vez que elas terão um número de filhos maior que a média.
A descoberta surgiu de um estudo das famílias extensas de 98 homossexuais masculinos e cem heterossexuais. A idéia era verificar
se havia alguma diferença significativa na fertilidade atribuível ao
fato de ter um familiar gay.
O grupo de cientistas liderado
por Andrea Camperio-Ciani, da
Universidade de Pádua (Itália),
diz que, por meio da análise dos
históricos familiares e do número
de crianças em cada família foi
possível estudar o "paradoxo darwinista" da homossexualidade.
Genes e ambiente
"O paradoxo é o seguinte: se a
homossexualidade masculina
tem um componente genético e
os homossexuais se reproduzem
menos que os heterossexuais, por
que esse traço é mantido na população?" -questiona Ciani.
"Nossos dados resolvem o paradoxo, mostrando que pode haver
vantagens reprodutivas até então
ignoradas associadas à homossexualidade masculina", afirmou.
O estudo, publicado no periódico britânico "Proceedings of the
Royal Society of London B"
(www.jstor.org/journals/00804649.html), não assume que
homens homossexuais nunca
têm filhos, apenas que eles são, na
média, menos propensos a ter
tantos filhos quanto os heterossexuais. Segundo Ciani, o estudo
mostrou que 20% da predisposição à homossexualidade é causada por fatores genéticos desconhecidos -o resto é resultado de
experiência ao longo da vida.
"Não estou sendo um extremista genético. Estou apenas dizendo
que homens gays podem nascer
com uma predisposição a serem
homossexuais que é influenciada
pela experiência pessoal", disse.
Entretanto, qualquer sugestão
de que a homossexualidade masculina possa ter um componente
genético tem de lidar com o paradoxo darwinista, e isso é o que o
estudo fez, complementou.
O estudo sugere que, quaisquer
que sejam os fatores genéticos para homossexualidade, eles precisam consistir em vários genes e
tendem a ser passados pela linhagem materna da família, porque
homens gays têm mais parentes
gays maternos do que paternos.
Uma possível explicação para a
descoberta de que homens gays
têm famílias maiores é a de que,
quanto maior o tamanho da família, mais provável é que alguns de
seus membros masculinos acabem se tornando gays.
Entretanto, Ciani afirma que isso não explica por que o estudo
descobriu que as tias maternas de
homossexuais masculinos têm famílias significativamente maiores
do que as tias paternas.
Outra pesquisa sugeriu que pelo
menos alguma predisposição genética a ser gay é guardada no cromossomo X, que os homens apenas herdam através da mãe, mas
Ciani disse que outros genes ou
cromossomos quase com certeza
estão envolvidos.
Os cientistas também demonstraram repetidamente que as
chances de um homem ser homossexual aumentam em um terço para cada irmão mais velho
que ele tem. Eles descobriram que
um homem com três irmãos mais
velhos tem o dobro de probabilidade de ser gay do que um que
não tem irmãos mais velhos.
Isso sugere que pode haver fatores biológicos operando no útero
materno de quem já teve vários filhos que aumentam a predisposição a um futuro rebento ser gay.
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