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MEDICINA
Alteração genética que pode ser rastreada no sangue denuncia propensão ao tumor, um dos 5 mais letais no país
Exame detecta risco de câncer no cólon
DA REUTERS
Um simples exame de sangue
poderá, no futuro próximo, determinar se um indivíduo tem risco
de desenvolver câncer de cólon,
afirmam pesquisadores dos EUA.
Além de ajudar a prevenir aquele que é o terceiro tipo de tumor
mais letal entre homens e quarto
entre mulheres, a descoberta ainda pode evitar a colonoscopia,
exame considerado incômodo.
Os cientistas, da Universidade
Johns Hopkins, em Baltimore, encontraram uma única alteração
genética que é bem mais comum
em pessoas com histórico familiar
de câncer de cólon e reto -e em
portadores da doença- do que
no restante da população.
Eles dizem que mais estudos deverão ser feitos para assegurar a
consistência dos resultados, mas
que esperam ter encontrado uma
maneira simples e precisa de rastrear uma população saudável em
busca de propensão ao tumor.
"Há testes que podem detectar a
presença do câncer, como o teste
PSA", afirmou o líder do estudo,
Andrew Feinberg, referindo-se ao
antígeno específico que pode indicar câncer de próstata. "Mas
não há testes para rastrear a população e identificar pessoas com
risco genético de câncer", disse.
O câncer colorretal é um dos
cinco tipos de tumor mais letais
no Brasil. Só no ano passado, cerca de 8.000 pessoas morreram
com a doença, segundo o Instituto Nacional do Câncer. Nos EUA,
em 2003, estima-se que esse número chegue a 57 mil.
Os médicos aconselham pessoas acima de 50 anos a se submeter a colonoscopia (que consiste
em examinar o cólon e o reto com
uma sonda óptica) para evitar o
surgimento do tumor, mas muitas relutam em fazer o exame.
Em estudo publicado na revista
científica "Science" (www.sciencemag.org), Feinberg e seus colegas testaram 172 pacientes numa
clínica de colonoscopia. Eles estavam procurando uma alteração
genética específica chamada perda de estampagem.
Não se trata de uma mutação
genética, e sim de um erro no funcionamento dos genes. As pessoas recebem sempre duas cópias
de cada gene, mas alguns genes
trazem um "rótulo" que determina que só uma cópia funcione.
O laboratório de Feinberg já tinha descoberto anteriormente
que o gene IGF2, que regula a produção de um fator de crescimento
celular semelhante à insulina, sofria perda de estampagem em algumas formas de câncer.
"Neste caso, ambas as cópias
funcionam. Esse é um gene de
crescimento celular, portanto, faz
sentido que uma dose dupla dele
leve ao câncer", disse o médico.
Eles procuraram a mudança
tanto no sangue quanto em amostras do cólon dos pacientes. Os
portadores da doença e as pessoas
que tinham tido o tumor no passado tinham 22 vezes mais propensão a apresentar a alteração
-e, na maioria dos casos, ela era
detectável apenas pelo sangue.
Agora, eles vão tentar descobrir
se outros pacientes com a alteração desenvolvem câncer. Se o teste funcionar em grupos maiores
de pacientes, pode ser possível desenvolver um exame de sangue
para determinar o risco do tumor,
diz Feinberg. Pessoas sem a alteração genética poderão evitar as
colonoscopias, ou fazê-las com
menor frequência.
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