São Paulo, Domingo, 14 de Março de 1999
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FUTURO
Banco no Reino Unido utiliza novo sistema de segurança baseado na leitura da íris para identificar seus correntistas
Identificação ocular

ISABEL CLEMENTE
enviada especial a Edimburgo

O caixa automático de banco do futuro identifica o cliente num piscar de olhos, literalmente. Não usa senhas, é à prova de fraudes e já está em testes no Reino Unido.
O banco britânico Nationwide está testando máquinas de auto- atendimento que usam a tecnologia de identificação pela íris, que é a membrana circular colorida dos olhos.
Para ter acesso à sua conta, o cliente insere um cartão. Em vez de digitar uma senha, ele é automaticamente identificado por câmeras especiais que fotografam seus olhos e comparam a íris com a que consta do banco de dados.
O usuário não precisa se aproximar mais da tela para o sistema funcionar, e sua saúde não corre nenhum tipo de risco, explica Ronnie Carmichael, gerente de relações públicas da NCR, empresa especializada em fornecimento de caixas automáticos, responsável pelo projeto do Nationwide.
Óculos de grau ou de sol e lentes de contato não prejudicam a identificação pela íris.
A unidade da empresa em Edimburgo, na Escócia, desenvolveu toda a pesquisa para as máquinas com base em tecnologia controlada pela empresa norte-americana Sensar e desenvolvida pela Iriscan, de Nova Jersey, nos EUA.
O modelo da Iriscan foi demonstrado em novembro do ano passado em Las Vegas, nos EUA, durante a Comdex, uma das maiores feiras de informática do mundo.

Segurança do sistema
Segundo a NCR, a identificação pela íris garante o máximo de segurança nas transações bancárias via auto-atendimento. O cliente não fica dependendo de senhas nem tem como ter seu segredo descoberto.
A íris de um ser humano possui características individuais mais diferenciadas do que a própria impressão digital. Não muda com o tempo e é composta de mais de 260 características próprias.
Essa tecnologia já é usada no Japão e nos Estados Unidos em prédios de segurança máxima e até em corridas de cavalos, como sistema de identificação para evitar a "falsificação" dos animais.
O uso em larga escala dessa tecnologia em serviços financeiros é uma novidade que, em breve, deverá começar a ser utilizada na Itália, na Noruega e na Turquia, entre outros países pioneiros no serviço.
O novo sistema está sendo usado por mais de mil clientes da agência do Nationwide em Swindon, uma cidade situada a 130 km a oeste de Londres.
O Nationwide, na verdade, é uma "building society", uma organização com funções de banco, cuja principal finalidade é fazer empréstimos.
Os clientes do Nationwide aprovaram a experiência. Uma pesquisa mostrou que 91% deles escolheriam o reconhecimento da íris, em vez de senhas, 94% recomendariam o sistema para amigos e parentes e disseram se sentir muito à vontade com a inovação.
O presidente do Nationwide, Brian Davis, disse que está sendo estudada a viabilidade comercial de estender o serviço para as outras 680 agências no Reino Unido.
A NCR, obviamente, devido à concorrência, não revela o preço dessa máquina. A usada hoje pelos bancos, que todos conhecem, custa, em média, US$ 33 mil.
As novidades em serviços self-service não param por aí. A empresa já está levando para o mercado máquinas nas quais quase tudo pode ser feito, de movimentação bancária a reservas de teatro.
Difícil de imaginar? Pois a engenhoca existe, ganhou o nome de "quiosque" e está em testes também no Reino Unido, no Canadá e nos EUA, segundo a NCR.
Com um único cartão, o cliente pode operar inúmeras funções, que vão do já trivial acesso à Internet a operações que exigem mais segurança, como um depósito em conta corrente.
Esse mesmo cartão tem funções de um "smart card" (cartão inteligente), permitindo ao cliente baixar para um chip o ingresso do teatro ou do cinema para o qual fez reservas "on line".


A jornalista Isabel Clemente viajou a Edimburgo a convite do governo britânico



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