São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 2002

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BIODIVERSIDADE

Programa Biota Amazônia, conduzido por ONG e empresa brasileiras, começou trabalhos no fim de abril

Projeto vai mapear espécies amazônicas

ROBERTO PELLIM
DA REDAÇÃO

Pesquisadores brasileiros começaram os preparativos para a condução de um projeto que deve fazer um levantamento da biodiversidade da região amazônica.
O Biota Amazônia, iniciado no final de abril, tem o objetivo de fazer o inventário de todas as espécies da região: fauna, flora e microbiota (microorganismos).
A proposta está em estágio inicial, com treinamento de pessoal e desenvolvimento do software de cadastramento das pesquisas. Em três meses, cientistas cadastrados no projeto já poderão começar a incluir informações em um banco de dados virtual.
O Ministério do Meio Ambiente ainda não foi informado da iniciativa, de acordo com Lidio Coradin, gerente do Programa de Recursos Genéticos do ministério, mas tem interesse em participar do projeto. "O importante é que se faça o trabalho. A idéia não é nova, mas o problema é ter condição para executá-la", afirmou.
Segundo Coradin, o ministério, que não tinha um projeto específico de levantamento da biodiversidade na Amazônia, vê com bons olhos a iniciativa, desde que haja condições para uma boa execução dos trabalhos. Segundo ele, um Biota Amazônia exige uma grande quantidade de recursos, mão-de-obra e infra-estrutura.
Coradin afirmou que a Convenção da Biodiversidade, assinada pelo governo brasileiro, prevê um levantamento da biodiversidade dos países, mas não estabelece prazo para o fim dos trabalhos.
A convenção foi um dos produtos da Eco-92, a cúpula do Rio sobre ambiente e desenvolvimento sustentável. Uma das tarefas dadas aos países-signatários pelo acordo é o inventário completo da biodiversidade, principal guia de políticas para combater a perda de espécies no planeta.

Escala amazônica
O Biota Amazônia é semelhante ao Biota-Fapesp, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que está levantando a biodiversidade em São Paulo. Só que em proporções amazônicas -a região abrange nove Estados. O software usado na pesquisa da Fapesp está sendo adaptado para a Amazônia pela mesma equipe que o produziu, do Cria (Centro de Referência em Informação Ambiental), uma organização não-governamental sediada em Campinas (SP).
A principal mudança, diz Dora Canhos, diretora de projetos da ONG, é a inclusão de campos para informações socioeconômicas.
O cadastramento desses dados está previsto na parceria entre o Cria e a BrasilConnects Ecologia, divisão para a área ambiental da entidade privada que promoveu a Mostra do Redescobrimento.

Projeto-piloto
Em um ano, um projeto-piloto estará em andamento em duas áreas da Amazônia, diz José Pascowitch, diretor-executivo da BrasilConnects Ecologia. As regiões não estão definidas, porque dependem de negociações com os governos estaduais, mas uma delas deve ser a de Alta Floresta, no Estado de Mato Grosso.
No projeto-piloto, pesquisadores cadastrados poderão incluir dados da biodiversidade da Amazônia no banco de dados virtual. Para tanto, terão uma senha, que permitirá o acesso aos arquivos sem a necessidade de transmitir informações a um intermediário.
No site planejado para o Biota Amazônia na internet, qualquer pessoa poderá consultar o banco de dados, inclusive organismos internacionais e governos.



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