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Chinês acha dino gigante com penas
Animal de 70 milhões de anos tem anatomia mais parecida com a de aves do que com a de outros répteis de sua família
Com 5 metros de altura, dinossauro encontrado na Mongólia Interior é o maior espécime emplumado já descrito por paleontólogos
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
Nunca na história deste planeta houve uma galinha tão
grande. Pesquisadores chineses apresentaram ontem em
Pequim os fósseis daquele que
eles acreditam ser o maior de
todos os animais emplumados.
Em vida, o mimo tinha 8 metros de comprimento por 5 de
altura e pesava 1.400 kg.
Batizado de Gigantoraptor
("rapineiro gigante"), o animal
viveu há 70 milhões de anos
onde hoje é o município de Erlian, na Mongólia Interior.
Ele pertence ao grupo dos
oviraptores, dinossauros bípedes predadores agrupados entre os parentes mais próximos
das aves modernas -há quem
diga, inclusive, que os dois grupos são a mesma coisa.
O problema é que todos os
animais de sua família têm tamanhos modestos: os maiores
têm mais ou menos as dimensões de um pavão. Até agora, os
paleontólogos acreditavam que
essa tendência ao encolhimento na evolução dessa linhagem
de dinossauros tivesse sido um
ingrediente fundamental na
origem das aves.
O Gigantoraptor, 300 vezes
mais pesado que seus parentes,
aparentemente é o único dino
emplumado gigante. Não bastasse isso, para surpresa geral,
ele tem mais características
anatômicas em comum com as
aves do que os outros dinos de
sua família: seus ossos são longos e leves, e seu braço é maior,
como nas asas das aves.
"Esse fóssil sugere que o tamanho contribui para a formação das características das
aves, junto de outros fatores",
disse à Folha Xing Xu, do Instituto de Paleontologia de Vertebrados de Pequim. Ele e quatro
colegas descrevem o novo animal em artigo na edição de hoje
da revista científica "Nature".
Xu se diz tão intrigado pelo
fóssil que ainda não tem ainda
nem uma hipótese para qual
seria a sua dieta. Dinos bípedes
do porte do Gigantoraptor, como o temível Tyrannosaurus
rex, eram grandes predadores e
tinham dentes afiados. Os primos-irmãos do novo bicho, no
entanto, tinham bico. Um deles, o Oviraptor, provavelmente
roubava ovos de outros dinossauros para ganhar a vida.
A julgar pela sua mandíbula,
única parte do crânio preservada no fóssil, o Gigantoraptor
também tinha bico. "De fato,
ele é o maior dinossauro sem
dentes já encontrado", diz Xu.
Mas será que um brutamonte
desses se contentaria só com
ovos? O cientista também não
sabe. "Sua mandíbula é tão parecida com a de seus parentes
menores, mas tão maior, que é
difícil inferir sua dieta."
Embora faça questão de salientar que sua descoberta não
abala a teoria de que as aves são
descendentes de dinossauros,
Xu diz que o achado dá aos
cientistas uma lição de humildade. "A evolução dos dinossauros é complexa. Nós tentamos identificar um padrão
simples, mas, para um grupo
tão diversificado, você nunca
sabe o que vai encontrar."
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