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RIO +10
Relatório faz previsões sombrias, mas secretário-geral de conferência em Johannesburgo, Nitin Desai, se diz otimista
ONU prevê 4 bilhões sem água em 2025
DA REDAÇÃO
Um relatório das Nações Unidas divulgado ontem prepara o
terreno para a Conferência sobre
o Ambiente e o Desenvolvimento
Sustentável, que começa dia 26
em Johannesburgo (África do
Sul), com previsões sombrias para o futuro do planeta.
O nível dos mares está subindo,
as florestas estão sendo destruídas, e mais de 2 bilhões de pessoas
enfrentam escassez de água. Até
2025, esse número deve saltar para 4 bilhões, ou 50% da população
prevista.
O relatório reúne os dados mais
autorizados das Nações Unidas e de organizações internacionais sobre o uso de recursos naturais. Seu título é "Desafio Global, Oportunidade Global".
O trabalho, elaborado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, presidido por Nitin Desai, focaliza cinco assuntos principais: água e saneamento, energia, produtividade agrícola, biodiversidade e saúde.
"A mensagem desse relatório é que a verdadeira ameaça à segurança do planeta é o aumento insidioso da pobreza e da pressão sobre o ambiente global", disse
Desai em entrevista coletiva transmitida pela internet. Ele é também o secretário-geral da conferência de Johannesburgo (conhecida como Rio +10).
Organizações não-governamentais e governos de alguns dos mais de cem países que devem ir à Rio +10 temem que o tema da pobreza ofusque a questão ambiental, pelo fato de a reunião ocorrer na África. A provável ausência de George W. Bush, presidente dos EUA, também pode dificultar a adoção de medidas políticas eficazes para enfrentar problemas ambientais planetários.
Desai, no entanto, demonstrou otimismo no anúncio do relatório: "Os Estados Unidos estão muito engajados no processo de negociação, em especial no que
nós chamamos de parcerias [acordos bilaterais entre governos, corporações e ONGs]. Espero ansiosamente a presença do presidente Bush no encontro".
Segurança de longo prazo
Para Desai, chegou o momento
de a comunidade internacional
entrar em ação: "Se não fizermos
nada para mudar nossos padrões
indiscriminados atuais de desenvolvimento, comprometeremos a
segurança da Terra e de seu povo
no longo prazo".
"A diferença entre o Rio e Johannesburgo é que agora existe
um compromisso muito maior
para implementar na prática as
decisões sobre o ambiente", afirmou o secretário-geral da Rio +10
na entrevista.
O consumo de combustíveis
fósseis e a emissão de carbono
(sobretudo CO2, principal gás do
efeito estufa) continuaram a subir
na década de 90, de acordo com o
estudo, em especial na Ásia e na
América do Norte. Sinais de mudança climática relacionada com
o aquecimento global estão agora
mais evidentes, incluindo secas
mais severas e frequentes em regiões da África e da Ásia.
Na última década, 2,4% das florestas do mundo foram destruídas, quase todas nas regiões tropicais da Ásia, da África e da América Latina. A área total, de 900 mil km2, é maior que a Venezuela, ou mais de um décimo do Brasil.
Com agências internacionais
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