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GENOMA
Comparação de 13 espécies indica conservação de sequências sem genes; homem está mais perto do rato que do gato
Estudo revela que DNA-lixo tem utilidade
MAGGIE FOX
DA REUTERS
Uma comparação do DNA humano com o de outras 12 espécies
animais mostra que compartilhamos mais semelhanças genéticas
do que se pensava e demonstra
que as pessoas têm mais parentesco com o rato do que com o gato.
A pesquisa também ajuda a reforçar a tese de que o chamado
DNA-lixo (ou "junk-DNA") é tudo menos lixo. Embora sua utilidade continue um mistério, ele
deve realizar algo importante,
porque se mantém praticamente
idêntico em muitas espécies.
O estudo também apóia algo
que está ficando cada vez mais
claro -que os trechos do DNA
chamados de genes são só uma
pequena parte da história.
A equipe de pesquisa do
NHGRI (Instituto Nacional de
Pesquisa do Genoma Humano),
nos EUA, comparou o mesmo
trecho de DNA em humanos,
chimpanzés, babuínos, gatos,
cães, vacas, porcos, ratos, camundongos, galinhas, peixes de aquário (paulistinhas) e dois outros
que são considerados iguarias no
Japão, Fugu e Tetraodon.
Em humanos, esse trecho é uma
região genética muito estudada,
que contém o gene CFTR. Quando sofre uma mutação, o gene
provoca fibrose cística.
"Ele fornece evidência definitiva
de que estamos mais próximos
dos roedores do que dos carnívoros", disse Eric Green, diretor
científico do NHGRI e líder do estudo. "Nossos dados realmente
fecham o caso. Na sequência, você
pode encontrar mudanças no genoma que claramente ocorreram
tanto em humanos como em roedores, mas não ocorreram em outras espécies."
As mudanças vêm em sequências repetitivas de DNA que, até
uns poucos anos atrás, eram creditadas como lixo -trechos "inúteis" que de alguma maneira se
mantinham preservados. É muito
difícil interpretar o DNA. Seu longo código é construído com apenas quatro nucleotídeos -os
compostos conhecidos pelas
abreviações A, C, T e G.
Ler a longa sequência de quatro
letras repetidas em várias combinações está se mostrando ainda
mais difícil do que os cientistas
imaginavam. De início, eles pensavam que os genes -sequências
que guiam a produção das proteínas, tijolos com que se montam os
corpos- seriam as únicas partes
funcionais da sequência.
Acontece que há sequências que
controlam os genes, e talvez façam até mais que isso. "Agora parece que cerca de 5% de nosso genoma é funcionalmente importante", diz Green.
"Apenas um terço disso codifica
genes. O que significa que dois
terços do que é funcionalmente
importante não são DNA codificante." Green espera descobrir a
ação desses trechos não-codificantes comparando os genomas
de diferentes espécies.
"É realmente possível usar sequências de genomas múltiplos,
analisá-los todos de uma vez e
tentar encontrar a pequena porcentagem que é compartilhada
por todos", diz. "Acreditamos
que isso vá se tornar um modo valioso de encontrar as sequências
que são muito importantes."
Por quê? Porque a natureza não
pode jogar fora DNA que é essencial para a sobrevivência. "Para a
evolução, trata-se de misturar coisas. Se a evolução se agarrou a um
pedaço de DNA, mesmo que repetitivo, está nos dizendo algo.
Onde foi que a evolução não
achou seguro modificar o genoma?" -pergunta.
A equipe de Green, que conta
com pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, da
Universidade de Washington e da
Universidade da Califórnia em
Santa Cruz, todas nos EUA, vai
examinar cem regiões dos genomas das 13 espécies.
A região que contém o gene
CFTR é a primeira a ser analisada,
e os resultados estão na edição de
hoje da revista britânica "Nature"
(www.nature.com).
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