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GENÉTICA
Experimento unindo cientistas de Harvard e MIT
usou vírus para transportar DNA à medula óssea de animais
Terapia gênica cura camundongos com anemia falciforme
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de pesquisadores
americanos desenvolveu um método de terapia gênica contra a
anemia falciforme e conseguiu
curar a doença hereditária em camundongos. A nova técnica corrigiu o defeito genético em roedores usando um vírus alterado.
O estudo, que reuniu o MIT
(Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e a Escola Médica de
Harvard, sai na revista "Science"
(www.sciencemag.org).
A anemia falciforme é causada
por uma mutação no DNA que
causa a deformação das hemácias
(glóbulos vermelhos), as células
sanguíneas que transportam oxigênio. As hemácias, que são arredondadas, adquirem forma de
foice nos doentes, em razão de defeito estrutural na hemoglobina, a
molécula que "segura" oxigênio.
Isso tudo reflete no enfraquecimento de alguns órgãos, como o
baço. As hemácias deformadas
também podem obstruir vasos
sanguíneos e causar derrames.
O que o vírus criado pela equipe
de Harvard fez foi usar cópias corretas do gene para substituir cópias mutantes nas células da medula óssea, responsáveis por produzir sangue. O microorganismo
usado foi um retrovírus com código genético humano e de HIV.
Para o pesquisador Marco Antônio Zago, diretor do Centro de
Terapia Celular da Faculdade de
Medicina da USP de Ribeirão Preto, a técnica deve ter grande impacto na saúde pública, se um dia
puder ser aplicada em humanos.
"A anemia falciforme é a doença
genética mais comum do mundo
e a que é conhecida há mais tempo", diz Zago. No Brasil 1 a cada
130 pessoas tem o problema.
O tratamento dos doentes hoje
pode ser feito com penicilina, para prevenir infecções em órgãos
debilitados, e hidroxiuréia, que
estimula uma reação. O transplante de medula, capaz de corrigir o problema, é arriscado e leva
muitos pacientes à morte. Segundo Zago, poucos portadores da
doença chegam aos 30 anos.
O médico conta que já existe um
sucesso razoável com terapia gênica contra outras doenças, como
hemofilia, mas a anemia falciforme tinha um desafio a mais.
"Você tem de corrigir a maior
parte das células. Não adianta o
portador da doença ter apenas algumas hemácias saudáveis", diz.
Nos camundongos curados em
Boston, 99% das hemácias passaram a ser normais.
Contra a clonagem
Pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem indica que 83,8% dos
brasileiros são contra clonagem
humana com fins reprodutivos e
51,4% rejeitam qualquer tipo de
clonagem, mesmo a terapêutica.
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