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Astrônomos descobrem outro sistema solar
MARCELO FERRONI
da Reportagem Local
Pela primeira vez na história da
exploração espacial, pesquisadores dos EUA descobriram a existência de um sistema planetário semelhante ao Sistema Solar, ou seja,
uma estrela com pelo menos três
planetas em sua órbita.
O novo sistema foi divulgado ontem, na Califórnia, por pesquisadores da Universidade Estadual de
San Francisco (SFSU), do Centro
Harvard-Smithsoniano para Astrofísica (CfA), em Cambridge, e
do Observatório de Alta Altitude
(HAO), em Boulder.
A descoberta pode ajudar a entender como os planetas se formam e como surgiu o Sistema Solar. Pode indicar também que, no
Universo, o número de sistemas
planetários múltiplos pode ser
muito maior do que o estimado.
A estrela desse novo sistema é a
Úpsilon de Andrômeda, com 3 bilhões de anos, a cerca de 44 anos-luz da Terra (veja quadro ao lado).
O primeiro planeta ao redor dessa estrela já havia sido descoberto
em 1996 por Geoffrey Marcy e Paul
Buttler, da SFSU.
Para descobrir os outros dois
planetas, Marcy, Buttler e colaboradores observaram, por cerca de
11 anos, suas interferências no movimento de Úpsilon de Andrômeda. Pequenos movimentos periódicos da estrela indicaram a presença dos novos corpos celestes.
A Folha contatou, por telefone e
e-mail, Adam Contos e Peter Nisenson, astrônomos do CfA que
participaram do estudo.
"A idéia de um novo sistema planetário é excitante, pois pode indicar que isso seja um fenômeno comum no Universo", disse Contos.
Segundo ele, esse é o primeiro
sistema descoberto em uma estrela
semelhante ao Sol. Outros planetas
já foram encontrados ao redor de
pulsares, corpos remanescentes de
estrelas que explodiram.
Nisenson indicou que o sistema
pode ter outros planetas menores.
"Ainda não temos equipamentos
adequados para detectar planetas
do tamanho da Terra", disse.
Em 2005, a Nasa (agência espacial dos EUA) deverá lançar um telescópio espacial que poderá detectar planetas com uma massa
cerca de dez vezes a da Terra.
Pesquisas independentes
A descoberta, que será publicada
na revista "Astrophysical Journal",
foi feita de forma independente
pela SFSU e pelos CfA e HAO.
"A coincidência dos estudos é
mais um indício de que os planetas
realmente existem", disse Robert
Noyes, do CfA, em entrevista coletiva em San Francisco.
"As pesquisas são diferentes,
mas suas fontes e bases são semelhantes. São necessários novos dados para confirmar essa descoberta", disse Júlio César Klafke, do
Instituto Astronômico e Geofísico
da Universidade de São Paulo.
Para Klafke, a importância da
notícia está no fato de que, até agora, "só conhecemos o Sistema Solar, e fica difícil criar uma regra geral de formação de planetas".
Novas formas de vida
A descoberta traz consigo a idéia
de que novas formas de vida possam ser encontradas.
Segundo Marcy, é difícil que haja
vida nos novos planetas. No entanto, a descoberta pode indicar que
existem mais sistemas solares no
Universo, o que aumenta a chance
de que haja vida em outros locais.
Para Nisenson, entretanto, "os
três planetas não têm as mesmas
condições da Terra, mas podem ter
satélites que podem ser semelhantes ao nosso planeta, da mesma
forma que Júpiter tem luas".
O pesquisador disse que os dois
planetas mais distantes estão em
uma região habitável, ou seja, a luz
e o calor recebidos por Úpsilon de
Andrômeda não são excessivos.
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