São Paulo, terça-feira, 16 de outubro de 2007

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Cientistas acham novo dino gigante na Patagônia

Espécie viveu há 90 milhões de anos e era um dos três maiores animais terrestres

Fósseis de animais e plantas achados perto de lago vão permitir reconstituição de ecossistema da região que o animal habitava na época

Academia Brasileira de Ciências/Reuters
Réplica das vértebras do F. dukei em molde de gesso


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Cientistas brasileiros e argentinos anunciaram ontem no Rio a descoberta de uma espécie de dinossauro gigante que habitou a América do Sul há quase 90 milhões de anos e pode ser um dos três maiores animais que já andaram sobre a Terra. Os fósseis surgiram em terrenos desérticos às margens do rio Barreales, ao norte da Patagônia (sul da Argentina).
As escavações começaram em 2000, quando especialistas -chefiados pelo paleontólogo argentino Jorge Calvo- descobriram ali a vértebra cervical de um dino de grande porte numa camada de sedimentos de 88 milhões de anos de idade.
"Os animais viveram nessa época. Quando se encontra um sedimento com essa idade, você pode ter certeza que os animais têm idade semelhante", diz Alexander Kellner, paleontólogo do Museu Nacional, no Rio.
A partir das primeiras descobertas firmou-se uma parceria entre especialistas da Argentina (Universidade Nacional de Comahue e Universidade Nacional de Cuyo) e do Brasil (Museu Nacional).
Desde então, os pesquisadores já encontraram no local cerca de mil fósseis, entre eles vários tipos de dinossauro. O que mais surpreendeu os especialistas foi o esqueleto parcial de um dinossauro gigante herbívoro, batizado de Futalognkosaurus dukei. O nome da espécie homenageia a Duke Energy Argentina, que financiou parte das escavações. No Brasil, o apoio é da Faperj (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).
Foram descobertos na área ossos da coluna vertebral, do pescoço, da bacia e da primeira vértebra da cauda. De acordo com Kellner, a quantidade de fósseis descobertos faz com que o dinossauro gigante da Patagônia seja o mais completo desse tipo achado até agora.
Os pesquisadores estimam que o Futalognkosaurus media de 32 metros a 34 metros de comprimento, da ponta do focinho à da cauda, e cerca de 13 metros de altura.
Outro ponto de destaque na pesquisa é o fato de que os fósseis de animais e plantas encontrados no local permitirão a rara reconstituição do ecossistema da região há milhões de anos. Foram achados resquícios de conchas, folhas, peixes, crocodilos, dinossauros de grupos variados, inclusive carnívoros, e répteis voadores.
Segundo Calvo, não se conhecia um depósito do Cretáceo Superior - período entre 99,6 milhões de anos atrás e 65,5 milhões de anos atrás- com tanta biodiversidade.
O dinossauro gigante morreu às margens de um rio e teve sua carcaça despedaçada por predadores. Uma enxurrada levou a carcaça para dentro do rio, deixando-a semi-enterrada. As escavações continuam. A principal meta dos cientistas é a localização do crânio do animal.


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