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AMBIENTE
Assassinato de freira é incentivo para atacar desmatamento, diz ministra
Governo debate plano para florestas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes do governo federal
presentes ontem à reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas no Palácio do Planalto
disseram que o assassinato da
freira Dorothy Stang pode servir
de incentivo ao Brasil para conter
o desmatamento na região amazônica e, como conseqüência, minimizar a emissão de gases de
efeito estufa responsáveis pelo
aquecimento global.
A reunião de ontem ocorreu no
mesmo dia em que entrou em vigor o Protocolo de Kyoto, que visa
diminuir a emissão desses gases
em todo o mundo. O acordo, firmado entre 141 países, não contou
com apoio dos Estados Unidos.
"Precisamos nos associar ao governo na indignação em torno do
assassinato da irmã Dorothy e resolver o problema do desmatamento e do uso indevido de recursos naturais. Acabou o tempo
da pirataria na Amazônia", disse
o secretário-executivo do fórum,
Luiz Pinguelli Rosa. A ministra
Marina Silva (Meio Ambiente) seguiu a mesma linha: "Apesar de
serem diferenciadas, não podemos perder as nossas responsabilidades. Diante da morte da irmã
Dorothy, chegou o momento de
colocarmos um fim na ilegalidade
do uso dos recursos naturais".
Um pouco antes, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu,
afirmou que o tempo da ilegalidade ambiental no país "acabou".
"O Protocolo de Kyoto é uma ferramenta que deve ser usada por
todos os países (...) A data de hoje
é vitoriosa e enche todos de esperança", disse Dirceu.
Na reunião de ontem, com a
presença de ministros, pesquisadores e representantes de ONGs e
universidades, foram discutidas
políticas e programas que podem
ser adotados no país para reduzir
a emissão de gases responsáveis
pelo aquecimento global, com
prioridade ao combate do desmatamento na região amazônica.
Bosque de Kyoto
Em uma cerimônia simbólica
ontem, representantes de países
signatários do Protocolo de Kyoto
plantaram árvores no Jardim Botânico de Brasília. O evento, organizado pelo Ministério do Meio
Ambiente, teve a participação de
representantes de 50 embaixadas
-inclusive de países não-signatários, como os EUA.
Foram plantadas 141 mudas de
árvores nativas do cerrado. O número correspondente aos países
que assinaram o protocolo. A área
foi batizada de "Bosque Kyoto".
O protocolo entrou em vigor às
7h de hoje, numa cerimônia na cidade japonesa de mesmo nome.
Numa mensagem gravada, o secretário-geral das Nações Unidas,
Kofi Annan, conclamou a comunidade internacional a aderir ao
tratado e agir rapidamente. "Não
temos tempo a perder", disse.
O comissário de Ambiente da
União Européia, Stavros Dimas,
afirmou que Kyoto era "apenas o
primeiro passo", mas que havia
razões para uma "celebração sóbria". O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse que pretende trazer tanto os EUA quanto a
China e a Índia para a mesa de negociações ainda neste ano. "Aí estaremos no rumo certo."
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