São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

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AMBIENTE

Assassinato de freira é incentivo para atacar desmatamento, diz ministra

Governo debate plano para florestas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes do governo federal presentes ontem à reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas no Palácio do Planalto disseram que o assassinato da freira Dorothy Stang pode servir de incentivo ao Brasil para conter o desmatamento na região amazônica e, como conseqüência, minimizar a emissão de gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global.
A reunião de ontem ocorreu no mesmo dia em que entrou em vigor o Protocolo de Kyoto, que visa diminuir a emissão desses gases em todo o mundo. O acordo, firmado entre 141 países, não contou com apoio dos Estados Unidos.
"Precisamos nos associar ao governo na indignação em torno do assassinato da irmã Dorothy e resolver o problema do desmatamento e do uso indevido de recursos naturais. Acabou o tempo da pirataria na Amazônia", disse o secretário-executivo do fórum, Luiz Pinguelli Rosa. A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) seguiu a mesma linha: "Apesar de serem diferenciadas, não podemos perder as nossas responsabilidades. Diante da morte da irmã Dorothy, chegou o momento de colocarmos um fim na ilegalidade do uso dos recursos naturais".
Um pouco antes, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou que o tempo da ilegalidade ambiental no país "acabou". "O Protocolo de Kyoto é uma ferramenta que deve ser usada por todos os países (...) A data de hoje é vitoriosa e enche todos de esperança", disse Dirceu.
Na reunião de ontem, com a presença de ministros, pesquisadores e representantes de ONGs e universidades, foram discutidas políticas e programas que podem ser adotados no país para reduzir a emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global, com prioridade ao combate do desmatamento na região amazônica.

Bosque de Kyoto
Em uma cerimônia simbólica ontem, representantes de países signatários do Protocolo de Kyoto plantaram árvores no Jardim Botânico de Brasília. O evento, organizado pelo Ministério do Meio Ambiente, teve a participação de representantes de 50 embaixadas -inclusive de países não-signatários, como os EUA.
Foram plantadas 141 mudas de árvores nativas do cerrado. O número correspondente aos países que assinaram o protocolo. A área foi batizada de "Bosque Kyoto".
O protocolo entrou em vigor às 7h de hoje, numa cerimônia na cidade japonesa de mesmo nome. Numa mensagem gravada, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, conclamou a comunidade internacional a aderir ao tratado e agir rapidamente. "Não temos tempo a perder", disse.
O comissário de Ambiente da União Européia, Stavros Dimas, afirmou que Kyoto era "apenas o primeiro passo", mas que havia razões para uma "celebração sóbria". O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse que pretende trazer tanto os EUA quanto a China e a Índia para a mesa de negociações ainda neste ano. "Aí estaremos no rumo certo."


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