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"Encanamento" antártico dá pistas sobre a mudança global do clima
Continente tem lagos líquidos sob o gelo que enchem e esvaziam rapidamente
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pista sobre o papel da
Antártida na mudança climática foi descoberta agora literalmente escondida debaixo do
gelo: lagos que se enchem e esvaziam rapidamente.
Entender o comportamento
desses lagos será importante
para desvendar o papel do degelo antártico no aumento do
nível dos oceanos, um dos efeitos do aquecimento global.
Estes não são os primeiros lagos subglaciais encontrados
-os autores do estudo, publicado ontem na revista científica
"Science", informam que pelo
menos 145 já foram mapeados.
A grande novidade é o dinamismo desse sistema de "encanamento" subterrâneo.
A pesquisadora americana
Helen Fricker e mais três colegas estudaram imagens e dados
sobre o relevo antártico, feitos
pelo satélite ICEsat, especializado em coletar essas informações. Os dados são referentes a
geleiras no oeste da Antártida e
foram obtidos de 2003 a 2006.
Segundo Robert Bindschadler, da Nasa, co-autor do estudo, os lagos subglaciais se movem até dois metros por dia. "É
o gelo em rápido movimento
que determina como a camada
de gelo responde à mudança
climática a curto prazo", diz ele.
A água no sistema de lagos
agiria como uma "graxa" entre
o leito rochoso e as geleiras, aumentando aumentando a velocidade do deslocamento dos
rios de gelo. Quanto mais rápido esse deslocamento, mais gelo do continente vai parar no
oceano -e mais o mar sobe.
Fricker acrescenta que a rapidez da movimentação, além
da sua grande quantidade, foram surpreendentes. "Nós
achávamos que essas mudanças tinham lugar em anos e décadas, mas estamos vendo
grandes mudanças em meses",
afirma a pesquisadora, do Instituto Scripps de Oceanografia.
O altímetro laser a bordo do
satélite permitiu medições precisas do gelo, revelando o movimento da água debaixo da camada. As regiões de lagos têm
tamanhos variados, as maiores
com até 500 km2.
Antes do ICEsat, para descobrir esse tipo de informação,
seria preciso ir à Antártida e fazer sondagens profundas. Os
dados de satélite permitem
uma visão mais ampla -e com
a vantagem de poderem ser coletados no aconchego do laboratório.
(RICARDO BONALUME NETO)
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