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Expedição identifica novas espécies de macaco no AM
Área preservada da Amazônia pode ter mais três novos grupos, diz pesquisador
Apesar dos baixos índices de desmatamento e da pouca caça, estudiosos temem
que aquecimento global altere a vida dos símios
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram 550 quilômetros por
água e por terra na região do rio
Aracá, um dos afluentes do rio
Negro, no Estado do Amazonas. Após visitar 37 pontos de
interesse, a equipe de pesquisadores brasileiros não apenas
encontrou uma nova espécie de
macaco no campo, como reescreveu parte da história da evolução dos uacaris.
O Cacajao ayresi é totalmente novo para a ciência, explica
Jean Boubli, carioca radicado
há três anos na Nova Zelândia e
principal autor do estudo com
os símios amazônicos.
Porém, a segunda novidade
foi descobrir que um bicho encontrado normalmente na região do Pico da Neblina, entre o
Brasil e a Venezuela, é na verdade uma nova espécie.
Esse segundo grupo de macacos deve ser chamado pelo
nome de Cacajao hosomi. O
termo que faz referência à espécie (hosomi) é o mesmo usado pelos ianomamis quando
eles querem falar dos uacaris.
Mas o surgimento de novas
espécies de macaco na região
do parque estadual do Aracá,
na floresta amazônica, não parou com os resultados já divulgados, que serão apresentados
de forma oficial à comunidade
de pesquisadores na edição de
julho da revista "International
Journal of Primatology".
"Temos mais três possíveis
novas espécies na ponta da
agulha", disse Boubli à Folha.
A área pesquisada está sendo
considerada prioritária pelo
pesquisador brasileiro, que trabalhou em conjunto com o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e a UFAM
(Universidade Federal do
Amazonas) no projeto.
"Nós queremos estabelecer
agora uma base de pesquisa no
rio Aracá e tentar convencer o
governo do Amazonas a criar
uma área de proteção ambiental lá, o que vai significar a ampliação da zona do já existente
Parque Estadual da Serra do
Aracá", explica Boubli, atualmente ligado à Universidade de
Auckland, Nova Zelândia.
Apesar de a caça e o desmatamento não ser um grande problema na região da Serra do
Aracá, os cientistas que freqüentam a área temem que outros tipos de pressão desequilibrem com a vida das populações de primatas.
"Tem o aquecimento global e
a ameaça de que o governo
sempre mude algo na sua política contra o desmatamento".
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