São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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Expedição identifica novas espécies de macaco no AM

Área preservada da Amazônia pode ter mais três novos grupos, diz pesquisador

Apesar dos baixos índices de desmatamento e da pouca caça, estudiosos temem que aquecimento global altere a vida dos símios

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram 550 quilômetros por água e por terra na região do rio Aracá, um dos afluentes do rio Negro, no Estado do Amazonas. Após visitar 37 pontos de interesse, a equipe de pesquisadores brasileiros não apenas encontrou uma nova espécie de macaco no campo, como reescreveu parte da história da evolução dos uacaris.
O Cacajao ayresi é totalmente novo para a ciência, explica Jean Boubli, carioca radicado há três anos na Nova Zelândia e principal autor do estudo com os símios amazônicos.
Porém, a segunda novidade foi descobrir que um bicho encontrado normalmente na região do Pico da Neblina, entre o Brasil e a Venezuela, é na verdade uma nova espécie.
Esse segundo grupo de macacos deve ser chamado pelo nome de Cacajao hosomi. O termo que faz referência à espécie (hosomi) é o mesmo usado pelos ianomamis quando eles querem falar dos uacaris.
Mas o surgimento de novas espécies de macaco na região do parque estadual do Aracá, na floresta amazônica, não parou com os resultados já divulgados, que serão apresentados de forma oficial à comunidade de pesquisadores na edição de julho da revista "International Journal of Primatology".
"Temos mais três possíveis novas espécies na ponta da agulha", disse Boubli à Folha. A área pesquisada está sendo considerada prioritária pelo pesquisador brasileiro, que trabalhou em conjunto com o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e a UFAM (Universidade Federal do Amazonas) no projeto.
"Nós queremos estabelecer agora uma base de pesquisa no rio Aracá e tentar convencer o governo do Amazonas a criar uma área de proteção ambiental lá, o que vai significar a ampliação da zona do já existente Parque Estadual da Serra do Aracá", explica Boubli, atualmente ligado à Universidade de Auckland, Nova Zelândia.
Apesar de a caça e o desmatamento não ser um grande problema na região da Serra do Aracá, os cientistas que freqüentam a área temem que outros tipos de pressão desequilibrem com a vida das populações de primatas.
"Tem o aquecimento global e a ameaça de que o governo sempre mude algo na sua política contra o desmatamento".


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