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Brasil atrasa recursos
para estação espacial
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
A participação do Brasil na Estação Espacial Internacional (ISS,
em inglês) está sob risco.
A verba necessária para cumprir
os compromissos do país com o
programa não foi incluída no orçamento para este ano do Ministério
da Ciência e Tecnologia.
O governo está estudando se vai
ou não destinar dinheiro para a
construção de equipamentos para
a ISS. O custo total brasileiro é estimado de US$ 150 milhões a US$
180 milhões. O país já desembolsou US$ 200 mil.
O Brasil está devendo cerca de
US$ 15 milhões, vencidos em dezembro de 1998, para a Boeing.
Além disso, ainda não foram
destinados cerca de US$ 20 milhões à Embraer, responsável pela
fabricação dos equipamentos.
A Boeing, principal empresa aeroespacial do mundo, foi contratada para ajudar a conceber os equipamentos, em especial devido à
pressa com que o Brasil foi incluído no projeto da estação.
A entrada do Brasil se decidiu
entre os presidentes Bill Clinton e
Fernando Henrique Cardoso em
1997, em Brasília. FHC reiterou o
compromisso em outubro de 1998,
em carta pessoal a Clinton.
Divergências no governo
Apesar desse envolvimento de
FHC, há divergências no governo
sobre a conveniência da participação brasileira no projeto da ISS.
No Ministério da Aeronáutica,
por exemplo, há a opinião de que o
dinheiro para a ISS seria melhor
empregado no programa do Veículo Lançador de Satélites (VLS).
No Ministério da Ciência e Tecnologia, acha-se que o custo para o
Brasil participar da ISS é alto demais para uma presença modesta.
Mas, no Ministério das Relações
Exteriores, a presença do Brasil como único país não desenvolvido
na estação é considerada sinal de
prestígio e prova da sua maturidade tecnológica. Os 16 participantes
do programa da ISS são: EUA,
Rússia, Canadá, Japão, 11 países da
Europa e Brasil.
Em troca dos seis equipamentos
que fornecerá à ISS, o Brasil ganhará espaço na estação para fazer experimentos científicos de seu interesse, realizar observações do território brasileiro a partir do espaço
e enviar um astronauta.
O primeiro cidadão brasileiro no
espaço deverá ser o major-aviador
Marcos César Pontes, que já está
fazendo treinamentos para sua
missão, provavelmente em 2004.
Mas nem ele nem um segundo
astronauta brasileiro, a ser selecionado este ano, irão ao espaço se o
governo resolver não participar
mais do programa da estação.
A ISS, quando concluída, em
2004, será quatro vezes maior do
que a Mir, russa, a mais importante estação posta no espaço.
A montagem da ISS começou em
novembro do ano passado, quando os dois primeiros módulos, o
russo Zaria e o norte-americano
Unidade, foram unidos no espaço.
Os planos do programa têm sido
prejudicados por problemas financeiros da Rússia. O cronograma original previa sua conclusão
para 2002. Agora, fala-se que nem
o prazo de 2004 será cumprido.
O custo de todo o projeto está estimado em US$ 60 bilhões. O orçamento também tem passado por
contínuas revisões. Originalmente, ele era de US$ 15 bilhões.
O desenvolvimento de cristais de
proteína, a cultura de células vivas
em ambiente de microgravidade,
estudos biomédicos e pesquisas
meteorológicas são algumas das
atividades previstas para a ISS.
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