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Cresce derrubada da Amazônia, diz Inpe
Imagens do último trimestre indicam que pressão da soja sobre a floresta recrudesce em Mato Grosso
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um novo alerta sobre desmatamento na Amazônia será divulgado hoje pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) com base em imagens
captadas por satélites no último trimestre do ano passado e
que indicam a derrubada de
matas em ritmo acelerado, numa média de mais de 1.000 quilômetros quadrados por mês.
"Estamos preocupados", disse Gilberto Câmara, diretor do
instituto, que ontem conferia
os números do resultado da
ação dos desmatadores.
Em informes parciais encaminhados a representantes da
área ambiental do governo, o
Inpe já vinha sinalizando nova
pressão de desmatamento no
Mato Grosso, que havia perdido para o Pará a liderança no
ranking dos Estados da Amazônia que mais abatem árvores.
Nessa lista, Rondônia aparece
na seqüência.
O governo estima que o desmatamento na Amazônia Legal
não apenas parou de cair, como
pode aumentar 10% no próximo levantamento consolidado,
a ser divulgado no final do ano.
Entre julho de 2006 e julho de
2007 foram derrubados 11,2
mil quilômetros quadrados de
floresta, o equivalente a mais
de sete vezes a cidade de São
Paulo. Foi o melhor desempenho desde 1991.
Em Mato Grosso, novos focos de desmatamento estariam
próximos a áreas de cultivo da
soja, grão que registrou aumento de preços no ano passado. No
Pará, a derrubada de floresta
seria associada à expansão da
pecuária. Em Rondônia, não há
sinais claros de que o avanço do
desmatamento tenha relação
com a futura construção da hidrelétrica de Santo Antônio, a
primeira do rio Madeira.
O diretor do Inpe avalia que o
futuro da Amazônia vai depender do controle da expansão da
pecuária no Pará, Estado que
registrou o maior crescimento
do rebanho no país. "A gente
sente nitidamente a falta de engajamento, um "corpo mole" do
Ministério da Agricultura", criticou Câmara, sobre as dificuldades de rastreamento da origem do gado criado na região.
As culturas de soja e cana-de-açúcar teriam papel importante, porém indireto no desmatamento, ao ocuparem áreas de
pasto e empurrarem a pecuária
para a Amazônia, disse.
Os dados que sustentam o
novo alerta são estimativas feitas pelo Inpe com base em sistema que capta o desmatamento em tempo real, o Deter. Os
resultados são mais rápidos,
porém mais imprecisos. Nos
últimos meses, os números poderiam ter sido superdimensionados por um volume menor de nuvens do que a média.
Em outubro, o Inpe divulgou
um primeiro alerta, com uma
estimativa de aumento do desmatamento em 8% no período
entre julho e setembro. Só em
Rondônia, em um único mês, o
ritmo das motosserras teria aumentado em mais de 600%.
Esse primeiro alerta sugeria
que o país teria dificuldade para
manter a queda na taxa de desmate vista desde 2004. Na ocasião, a ministra Marina Silva
(Meio Ambiente) afirmou que a
Amazônia passaria por um
"teste de fogo", em decorrência
do aumento do preço de commodities e da proximidade das
eleições municipais.
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