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NEUROBIOLOGIA
Enzima pode originar novo medicamento
Pesquisadores revelam composto vital para a formação de memória
MARCUS VINICIUS MARINHO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Mais uma chave da memória foi
achada. Cientistas israelenses e
americanos descobriram a ligação entre uma enzima, antes conhecida simplesmente como sendo uma reparadora de DNA, e a
formação da chamada memória
de longa duração -necessária
para o aprendizado permanente.
No futuro, prevêem os cientistas, o achado pode levar a drogas
que aprimorem a memória.
Utilizando um molusco marinho do gênero Aplysia, os pesquisadores descobriram que a enzima conhecida como "poli-(ADP-ribose) polimerase 1" (PARP1,
presente nos núcleos de todas as
células animais) era ativada toda
vez que os bichos desenvolviam
memórias de longo prazo. Quando bloqueada a ação da molécula,
cessava a capacidade dessas lesmas marinhas de fixar memórias.
Os moluscos, freqüentemente
usados em pesquisas envolvendo
memória por causa de seus neurônios avantajados, foram submetidos a um treinamento no
qual eram ensinados a selecionar
comida fácil de engolir. Sempre
que aprendiam algo, a ativação da
PARP1 era detectada em seus
neurônios.
No entanto, bichos aos quais
uma substância inibidora da enzima era ministrada antes do treinamento não desenvolviam a capacidade de selecionar comida.
Já se sabia que os cromossomos,
embora sejam armazenados
enrolados no núcleo da célula,
têm de se desenrolar toda vez que
uma memória é construída. Isso
ocorre para que o DNA lá contido
possa ser transcrito, de modo que
possam ser sintetizadas proteínas
que construam novas redes neurais, a base da memória. O que a
enzima faz é impedir danos no
DNA quando ele é desenrolado e
garantir o sucesso do processo.
"É até filosófico ver que abrir o
cromossomo possibilita guardar
informação", diz James Schwartz,
72, da Universidade Columbia,
nos EUA. Ele é um dos autores do
estudo que sai hoje na "Science"
(www.sciencemag.org) e envolveu também o Instituto de Pesquisa Cardíaca Neufeld e a Faculdade de Ciências da Vida, ambos
de Israel. "Agora entendemos
bem melhor o processo. É bem
possível que um remédio saia em
breve dessas descobertas."
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