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POLÍTICA CIENTÍFICA
Relatório do governo propõe limitar unidades de pesquisa
Instituto quer evitar perda de pós
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
SÍLVIA FREIRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Centros de pesquisa científica
do Estado do Rio de Janeiro estão
tentando encontrar "soluções de
compromisso" com o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia)
para tentar evitar a perda de cursos de pós-graduação e a limitação de suas áreas de atuação.
A transferência dos cursos para
universidades e a concentração
em poucas áreas estratégicas da
pesquisa de instituições tradicionais, como o Observatório Nacional e o CBPF (Centro Brasileiro de
Pesquisas Físicas), foi recomendada em um relatório elaborado a
pedido do ministério.
O trabalho foi concluído no fim
do ano passado pela comissão
Tundisi, chefiada pelo ex-presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), José Galizia
Tundisi. O grupo reuniu 72 pesquisadores e propôs novas diretrizes para as 22 unidades de pesquisa ligadas ao MCT, que formam 1% dos mestres e 2% dos
doutores do país.
Os casos mais graves em relação
aos programas de pós-graduação,
de acordo com o relatório da comissão, são do ON (Observatório
Nacional) e do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas).
A comissão sugeriu que não fossem aceitas novas matrículas nos
programas de pós a partir do segundo semestre deste ano e recomendou uma "reformulação profunda" nas duas unidades.
Segundo Francisco Xavier de
Araújo, coordenador da pós-graduação do Observatório Nacional, as "soluções de compromisso" que a instituição tem encontrado são convênios com a Uerj
(Universidade do Estado do Rio
de Janeiro) e com a UFF (Universidade Federal Fluminense) para
o reconhecimento de disciplinas
cursadas e a parceria em pesquisas de pós-graduação.
"Parece que essa solução será
satisfatória para o ministério",
diz. Dessa maneira, acredita
Araújo, o centro manteria seus
cursos e se aproximaria das recomendações do relatório.
Ele disse temer que, se levadas
adiante, as recomendações da comissão sejam um preparativo para limitar a liberdade de pesquisa
também das universidades.
O diretor do CBPF, João Carlos
dos Anjos, integra uma novo grupo criado pelo ministério -a Comissão da Física Brasileira- para, segundo ele, "aprofundar" as
conclusões da comissão, que teria
feito um trabalho "incompleto"
sobre o centro que ele dirige.
O pesquisador diz esperar que o
resultado do relatório da nova comissão, que será entregue ao
MCT na próxima semana, "seja a
favor da manutenção da pós-graduação" no CBPF, uma das mais
antigas do Brasil.
O físico Henrique Lins de Barros, pesquisador do Mast (Museu
de Astronomia e Ciências Afins),
critica as conclusões do relatório,
a partir das quais estaria sendo estudada a anexação do Mast ao
Observatório Nacional.
Para ele, as novas diretrizes representam uma visão "administrativa, economicista" da pesquisa científica. Além disso, argumenta, não faz sentido transferir
cursos dos centros para as universidades justo quando elas estão
em crise, "caóticas".
Sutilezas
O secretário de Coordenação de
Unidades de Pesquisa do MCT,
João Steiner, disse que a reestruturação dos programas de pós-graduação está sendo feita pelas
unidades de forma independente.
"Não há uma receita única. O relatório tem uma série de sutilezas
em relação aos programas", disse.
A comissão recomendou também a conversão de algumas unidades em organizações sociais,
modelo que permite parcerias entre Estado e iniciativa privada.
A mudança já estava sendo feita
pelo ministério e foi referendada
pela comissão. Segundo Steiner,
será priorizada a transformação
dos laboratórios nacionais.
Cinco unidades já viraram organizações sociais: Associação Rede
Nacional de Ensino e Pesquisa,
Instituto de Matemática Pura e
Aplicada, Associação Brasileira
de Tecnologia Luz Síncrotron,
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos e Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
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