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Graham Abbott/Divulgação
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Cardume de fuzileiros-azuis rodeia possível nova espécie de coral na região |
Grupo acha "usina" de espécies marinhas
Expedição encontra trechos da costa indonésia da Nova Guiné com biodiversidade quatro vezes superior à do Caribe
Localizada entre o Índico e
o Pacífico, a área pode ser o
centro de origem de outras
espécies que se espalharam
por esses dois oceanos
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas expedições realizadas
neste ano trouxeram à tona um
Éden submarino na parte indonésia da Nova Guiné. Pesquisadores descobriram ali mais de
50 novas espécies animais, entre peixes, crustáceos e corais,
confirmando que a região é
provavelmente a maior usina
de biodiversidade marinha nos
oceanos Pacífico e Índico.
Os números gerais são ainda
mais impressionantes: alguns
dos trechos marinhos estudados pelos biólogos -áreas mais
ou menos do tamanho de dois
campos de futebol- abrigam
mais de 250 espécies de coral
cada um. Isso é cerca de quatro
vezes a diversidade de corais do
mar do Caribe.
"Já disseram antes que nós
sabemos mais sobre a lua do
que sobre os nossos próprios
oceanos, e é impossível não
concordar com isso depois desses dados", disse à Folha o biólogo marinho Mark Erdmann,
consultor-sênior da organização de pesquisa Conservação
Internacional que coordenou o
levantamento.
A região estudada, cujo formato no mapa a tornou conhecida como Cabeça de Pássaro
(Kepala Burung, em bahasa indonésio, a língua local), apresenta mais de 2.500 ilhas e recifes, o que, segundo Erdmann,
representa uma diversidade
portentosa de ambientes costeiros. Há desde mangues e
áreas de água marinha que se
integram com torrentes de rios
até recifes que ficam diretamente expostos às ondas do
Pacífico. Tudo isso conspira
para que muitas espécies se
adaptem a cada nicho ecológico que essa variação cria.
Supervariedade
Entre os peixes, o trabalho
descobriu 26 novas espécies,
apenas duas das quais já foram
descritas, ou seja, ganharam
nome científico formal. Uma
delas, o Paracheilinus walton,
pertence à família dos bodiões
peixinhos coloridos que, às vezes, bancam o "faxineiro", removendo parasitas do corpo e
das guelras de outros animais.
Há também um pequeno tubarão, um cação, na lista dos novatos. A lista se completa com
20 prováveis novas espécies de
coral e oito de crustáceos -os
camarões-estalo, pequenos
predadores com pinças extremamente cortantes.
Para Erdmann, tanta riqueza
de vida em tão pouco espaço
não é exatamente uma surpresa. Ele explica que a região da
qual a Cabeça de Pássaro faz
parte é considerada por alguns
pesquisadores como o centro
de origem para muitas das espécies dos oceanos Pacífico e
Índico. Para outros, seria o local onde as faunas de ambos os
oceanos se encontram, o que
também promoveria grande diversidade.
"Eu acho que a hipótese do
centro de origem é pelo menos
parcialmente verdadeira", diz o
pesquisador. "A região é muito
ativa vulcanicamente, e várias
bacias marinhas nela foram
abertas e fechadas geologicamente várias vezes, virando essencialmente lagos. Isso criou
muitas oportunidades de evolução isolada e, quando as bacias se abriam de novo, as espécies ficavam livres para se dispersar para fora."
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