|
Próximo Texto | Índice
Cérebro tem área ligada a efeito placebo
Estudo ajuda a explicar fenômeno que ocorre em doente que toma remédio falso, mas obtém melhora por auto-sugestão
Circuitos apontados por pesquisa podem vir a ser manipulados para melhorar eficácia de tratamentos, diz cientista autor do trabalho
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O funcionamento do chamado efeito placebo, fenômeno
por meio do qual alguns doentes melhoram de saúde só de
imaginar que estão sob algum
tratamento, é um mistério um
pouco menos distante a partir
de agora. Um grupo de cientistas anuncia hoje ter identificado uma região cerebral que
possui um papel fundamental
nos impressionantes casos de
cura com pílulas de farinha.
A região apontada pelos neurocientistas, conhecida como
núcleo accumbens, está ligada
ao sistema de recompensa do
cérebro, que modula o prazer e
o vício. De modo geral, os pesquisadores trabalharam com a
idéia de que expectativas positivas ou negativas são fatores
que influenciam o comportamento. O estudo, publicado hoje na revista "Neuron", mostra
que essas expectativas também
ressaltam o efeito placebo.
Para testar o fenômeno, os
cientistas montaram um falso
teste clínico e disseram a todos
os voluntários que iriam receber uma nova droga ou um placebo -como ocorre nos experimentos reais. Na verdade, porém, todos receberam placebo.
Os pesquisadores pediram
então que os participantes avaliassem de quanto era a expectativa deles sobre os efeitos do
"remédio", assim como o alívio
da dor sentido após a ingestão
da suposta droga. Nesse meio
tempo a equipe mediu, com
uma técnica de escaneamento,
quanto o núcleo accumbens estava liberando dopamina
-neurotransmissor associado
à sensação de bem-estar.
Os cientistas, liderados por
David Scott, da Universidade
de Michigan, observaram que
nos voluntários que mostraram
maior antecipação dos benefícios do suposto remédio, mais
dopamina era liberada.
Para confirmar o papel do
núcleo accumbens, mediu-se a
liberação de dopamina em voluntários que recebiam a notícia de que seriam pagos pelo
teste. Aqueles que mais liberavam neurotransmissor eram os
mesmos que mais acreditavam
no sucesso da droga.
Os pesquisadores afirmam
que talvez seja possível modular os mecanismos envolvidos
no efeito placebo com propósitos terapêuticos.
Próximo Texto: Darfur: Cientistas acham lago que pode pôr fim à guerra Índice
|