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Agência quer Brasil em programa de "GPS" europeu
ESA - 28.dez.2006
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Nave Soyuz decola levando primeiro satélite Galileo, o Giove-A |
País inicia negociação oficial para participar do sistema de posicionamento Galileo
Composto de 30 satélites,
projeto da UE concorre com
o GPS americano e ficará
pronto em 2010; 1ª fase não
tem custo, diz governo
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil prepara sua primeira movimentação no tabuleiro
de xadrez internacional representado pelos grandes sistemas
de posicionamento global por
satélite. A intenção do país em
participar do programa Galileo,
da Comunidade Européia, que
pretende rivalizar com o GPS
(Sistema de Posicionamento
Global, na sigla em inglês), dos
Estados Unidos, está mais próxima de virar realidade. Principalmente depois de uma missão européia ter visitado Brasília nesta semana.
"As consultas informais à
União Européia estão encerradas. Vamos dar início agora a
fase das negociações oficias"
disse Raimundo Nonato Mussi,
gerente do programa Galileo no
Brasil e coordenador técnico-científico da AEB (Agência Espacial Brasileira) à Folha.
O grupo de conselheiros do
órgão do governo vai agora
apresentar um relatório formal
sobre as reais possibilidades do
Brasil dentro do programa Galileo, que terá uma constelação
de 30 satélites em órbita (leia
texto abaixo). O documento
deve destacar os ganhos que
poderão ser obtidos caso a parceria internacional seja realmente concretizada.
"Estamos trabalhando com
três vertentes principais", afirma Mussi. Uma delas é ligada
ao universo das aplicações do
programa, outra ao desenvolvimento científico e uma terceira
às questões industriais. "Estamos falando de desde usar os
dados do Galileo para os nossos
sistemas de transporte até colocar as indústrias brasileiras
no circuito internacional", diz.
Além disso, segundo Mussi, os
grupos nacionais de pesquisa
terão possibilidade de estudar
com mais profundidade, por
exemplo, o comportamento da
chamada zona de anomalia tropical. Nessa área, que atravessa
todo o planeta perto do Equador e passa pelo Nordeste brasileiro, as transmissões por satélites costumam sofrer constantes interferências.
Vantagem
"A participação do Brasil em
um programa como esse é bastante importante. Vejo isso de
forma extremamente positiva",
afirmou Gilberto Câmara, diretor do Inpe (Instituto Nacional
de Pesquisa Espaciais). De
acordo com o pesquisador, daqui a três ou quatro anos no
máximo os usuários poderão
ter um GPS no telefone celular.
"Não vai demorar muito mesmo. Além disso, esses dados são
importantes para os transportes de forma geral, seja na navegação terrestre ou mesmo na
aérea. O custo-benefício para o
país é muito vantajoso."
Para o diretor do Inpe, também em termos estratégicos, é
sempre importante ter acesso à
um sistema que deve funcionar, no futuro, como uma espécie de alternativa ao GPS, originalmente criado pelos norte-americanos para fins militares.
Pelo menos nessa primeira
fase, conforme explicou o representante da AEB, o Brasil
não terá custo algum para participar do programa Galileo.
"Não está sendo exigido nenhum tostão", afirmou.
Apesar das negociações entre
o Brasil e a União Européia caminharem para o entendimento -e o mesmo está sendo feito
por parte dos criadores do novo
programa de localização por satélite com outras nações- os
resultados efetivos dessas conversas não serão alcançados no
curto prazo. Um dos motivos
principais é o calendário eleitoral brasileiro.
"Sendo bem realista, qualquer que seja o resultados das
eleições, essa é uma decisão
que será tomada apenas pelo
próximo governo", disse Mussi,
da AEB.
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