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CLIMA
Conferência ambiental da ONU dribla impasse, mas chuta para 2005 discussões sobre redução de gases depois de Kyoto
Encontro propõe adaptação a efeito estufa
CRISTINA AMORIM
ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES
A COP-10 (10ª Conferência das
Partes da Convenção do Clima da
ONU) terminou na manhã de ontem com o conceito de adaptação
presente na pauta ambiental da
comunidade internacional, como
desejava o país-anfitrião, Argentina. Duas decisões sobre como os
países vão se adaptar às mudanças climáticas provocadas pela
ação do homem foram aprovadas
após 12 dias e meio de negociação
duras entre os países.
Um documento foi aprovado
pela COP com princípios e ações
sobre como as nações devem lidar
com a adaptação. O Programa de
Buenos Aires, como ficou conhecido, "estabelece uma série de
chaves e ações para que países desenvolvidos e em desenvolvimento possam se preparar para as
conseqüências do aquecimento
global, explicou o delegado argentino Raúl Estrada Oyuela, que
apresentou a proposta.
Adaptação era, até recentemente, uma palavra maldita entre os
especialistas, por significar que o
efeito estufa é uma realidade e nada mais pode ser feito para prevenir suas conseqüências -mais
tempestades secas e extinções.
Entre os itens incluídos no documento estão a busca pela transferência de tecnologia entre nações e a identificação de "vulnerabilidades": áreas ou comunidades, por exemplo, que mais sofrerão com as variações do sistema
climático. Além disso, foi aceita a
realização de um seminário em
maio de 2005, em Bonn (Alemanha), para que haja trocas de informação entre os governos sobre
adaptação e mitigação -como
reduzir o impacto das variações.
O seminário foi o tema principal dos debates mais acirrados
que aconteceram na COP-10. A
aceitação fecha uma discussão entre os países que têm metas de
corte de emissões de gás carbônico (CO2) e os que não as têm.
A idéia foi proposta no início da
conferência também por Raúl Estrada. A UE encampou a proposta
e indicou a intenção de trazer os
EUA novamente para a mesa de
negociações ambientais, além de
discutir, já no próximo ano, a
criação de metas de redução de
emissões para países em desenvolvimento após 2012.
Dito pelo não-dito
O caminho que a proposta tomou nas mãos da UE elevou a importância do seminário de um encontro técnico para um debate sobre um panorama posterior ao
acordo de Kyoto, que entra em vigor em fevereiro e expira em 2012.
De acordo com o protocolo,
países industrializados precisam
diminuir em 5,2% a quantidade
de gás carbônico (CO2) jogada na
atmosfera entre 2008 e 2012, em
relação aos índices registrados em
1990. A UE assumiu o compromisso como política pública, ao
contrário de países como os EUA.
Os integrantes do G-77, grupo
que reúne os países em desenvolvimento e a China, não possuem
metas semelhantes de redução de
emissões. A solução foi deixar claro no texto que o encontro não terá validade para futuras negociações sobre metas de redução.
Os termos exatos foram negociados pelos delegados, a portas
fechadas, durante a madrugada
de sexta-feira para sábado. Eles
ainda passaram por uma nova
discussão na última plenária da
COP-10 -que foi encerrada enquanto a infra-estrutura da conferência era literalmente desmontada em Buenos Aires.
Anteontem, a secretária-executiva da convenção, Joke Waller-Hunter, afirmou que as conversas
sobre futuros regimes não devem
ser apressadas. "A proposta do seminário é trocar informação. Não
é um preâmbulo para negociações." A próxima COP acontecerá
em novembro de 2005. Três países se candidataram como sede:
Canadá, Egito e Turquia. A decisão sobre qual receberá a conferência só será divulgada em maio.
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