São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Índice

Suecos investigam suborno no Nobel

Promotor questiona viagem de jurados à China para dar "dicas" sobre prêmio

Grupo de três cientistas fez excursão com despesas bancadas por autoridades chinesas; academia diz que evento foi "inapropriado"

DA ASSOCIATED PRESS

Um grupo de jurados do Prêmio Nobel que aceitou viagens para a China com despesas pagas está sendo investigado por suspeita de suborno, afirmou ontem a promotoria anticorrupção da Suécia.
O promotor Nils-Erik Schultz anunciou ter aberto uma investigação para determinar se as viagens, realizadas em 2006 e 2008, tinham como intenção influenciar as decisões do comitê que escolhe os premiados. A promotoria, contudo, não informou os nomes dos jurados investigados nem disse quantos são.
A investigação foi desencadeada pela reportagem de uma rádio sueca sobre as viagens de três jurados -dos prêmios de física, química e medicina. A visita à China teria como objetivo mostrar a autoridades chinesas como é o processo de seleção do prêmio e explicar o que é preciso atingir para ganhá-lo. O convite incluía as despesas com aviões, hotéis e refeições, afirmava a reportagem.
Caso os cientistas sejam formalmente acusados e condenados, os jurados terão de pagar multas e cumprir pena de até dois anos de prisão. Gunnar Oquist, secretário permanente da Academia Real de Ciências da Suécia -que define os prêmios de física, química e economia- reconheceu que a excursão dos jurados foi feita em condições inapropriadas.
"Devemos ter muito cuidado para não nos colocarmos em situações em que o trabalho do comitê do Nobel possa ser questionado", afirmou. "Acredito que deveríamos ter pensado sobre aquilo. (...) Se nós soubéssemos que o Prêmio Nobel seria um dos assuntos principais dessa viagem, provavelmente teríamos desencorajado a ida de nossos integrantes."
A última vez que a China ganhou um prêmio Nobel de ciência foi em 1957, com os físicos de partículas Tsung-Dao Lee e Chen Ning Yang.
Em Pequim, o porta-voz do ministério de relações exteriores, Liu Jianchao, afirmou a repórteres ontem que ainda não estava ciente sobre o caso.


Texto Anterior: Administrador do LHC é eleito "figura" do ano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.