São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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Comércio de agrotóxico cresce 21,6%

DA SUCURSAL DO RIO

A agricultura brasileira cresceu e se modernizou na década de 90 e passou a utilizar mais fertilizantes e agrotóxicos. De acordo com o IBGE, a quantidade de fertilizantes comercializada por área plantada cresceu 85,5% de 1992 a 2000. O uso de agrotóxicos também subiu: 21,6% de 1997 a 2000.
O dado mais preocupante da pesquisa é justamente aquele que o IBGE não conseguiu aferir: não se sabe, em nível nacional, em que escala o produto que chega à mesa do consumidor está contaminado pelo uso errado dos pesticidas e fertilizantes.
No caso dos fertilizantes, a principal preocupação é com os impactos ambientais dos produtos no ecossistema agrícola. O uso excessivo pode causar acidificação dos solos, contaminação de reservatórios de água e eutrofização (excesso de nutrientes na água, que provoca o crescimento exagerado de organismos como algas).
Em 1992, foram comercializados 69,44 kg de fertilizantes por hectare. Em 2000, essa quantidade cresceu para 128,83 kg/ha. No caso dos agrotóxicos, o período analisado foi de 1997, quando a quantidade era de 2,27 kg/ha, a 2000, quando esse número subiu para 2,76 kg/ha.
O aumento da utilização dos defensivos agrícolas nem sempre é controlado pelos Estados. No ano passado, por exemplo, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia implementou um sistema de monitoramento do uso do agrotóxico e análise dos produtos comercializados para o consumidor.
"A situação era preocupante. Quando iniciamos as visitas a agricultores cujos produtos tiveram alto índice de contaminação, vimos trabalhadores com os pés no agrotóxico, jogando o produto em tomates que, dois ou três dias depois, iriam direto para as centrais de abastecimento", diz José Alberto Lira, diretor da agência.

Pesca
Um dado positivo que a pesquisa de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do IBGE traz é o aumento da aquicultura (criação de peixes controlada), em detrimento da pesca extrativa. A aquicultura, em tese, é mais eficiente e menos prejudicial ao ambiente, já que os peixes são criados para comercialização.
Em 1994, o Brasil produzia apenas 3,8 mil toneladas de peixes por aquicultura. Em 1999, passou a 140,6 mil toneladas, um aumento de 3.600%. A pesca extrativa continua sendo o método mais comum, mas teve queda de 697,5 mil toneladas para 604 mil toneladas (redução de 13,4%). (AG)


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