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ESPAÇO
Projeto iniciado com a Mars Pathfinder pode desvendar os processos que ocorrem com nosso planeta
Homem manda missão a Marte para
entender origem da vida na Terra
da Redação
Por que Marte? Por que gastar alguns milhões de dólares, anos de
estudo para o desenvolvimento de
tecnologias para, no fim, enviar
um robô de nome Sojourner e uma
sonda batizada Pathfinder a um
planeta aparentemente estéril?
Matthew Golombek, cientista do
projeto Mars Pathfinder, tem uma
resposta.
Marte é o único planeta onde poderíamos endereçar a pergunta "a
vida é um acidente cósmico ou ela
poderia ter se desenvolvido em
qualquer lugar que tivesse os ingredientes necessários?".
Muitos acreditam que, se os ingredientes certos forem expostos
às mesmas condições, resultarão
em alguma forma primitiva de
molécula com capacidade de se
autoduplicar. Em outras palavras,
vida. Tudo o que pesquisadores
procuram é encontrar, em algum
lugar fora da Terra, os ingredientes que deram certo em nosso planeta e que são a base da vida: basicamente, água e carbono.
Mas hoje é praticamente impossível descobrir se eles existem
-ou se a vida existe- fora do Sistema Solar. As distâncias a percorrer seriam tão grandes que levaria
algumas centenas de anos até que
o homem tivesse algum sinal positivo -ou negativo.
Marte é vizinho da Terra. Apenas
sete meses de viagem, quando Terra e Marte estão em sua proximidade máxima, separam os dois
planetas.
Embora hoje seja um deserto gelado, algumas evidências mostram
que o planeta vermelho teve, em
algum momento de sua história,
condições semelhantes às da Terra
em seus primeiros anos de vida. Isto é, água, o ingrediente que se
considera condição necessária para a existência de vida.
Canais que correm em uma mesma direção, marcas na superfície
que podem ter sido deixadas por
um meteorito caindo em um local
lodoso e pedras arredondadas (parecidas com as originadas pela
erosão causada por um curso fluvial) são hoje as mais fortes evidências de que o planeta já teve
água um dia.
Isso implica ter havido um equilíbrio entre a água líquida e a atmosfera, o mesmo que possibilita
até hoje que haja água em estado
líquido na Terra.
Cientistas dizem que essas pistas
ocorrem em locais com idade próxima de 4 bilhões de anos, tempo
em que, na Terra, podem ser encontradas as primeiras evidências
de seres vivos.
Se isso foi verdade, os estudos do
planeta poderão mostrar onde ela
se desenvolveu.
Explorar Marte também ajudará
a entender quais os fatores envolvidos em mudanças naturais no
clima dos planetas.
Na Terra, tentamos entender
quais fatores estão levando a um
aumento da temperatura em todo
o globo e se o homem tem participação nesse processo ou não.
Em Marte, o homem procura saber por que o planeta, que, se teve
água líquida, foi muito mais quente e úmido no passado, se transformou em um lugar árido.
O depósito em camadas observado nas capas polares do planeta
-constituída basicamente por
"gelo seco" (dióxido de carbono
congelado)- sugere que deve ter
havido flutuações climáticas em
períodos de tempo curtos.
São nessas capas de gelo que
cientistas se debruçarão nas próximas missões. Acredita-se que, em
meio às camadas, haja água congelada e, por que não, resquícios de
vida.
Assim, estudar Marte ajudará
não só a entender como aconteceram fenômenos geológico-atmosféricos que levaram o planeta a hoje parecer um grande deserto.
Quem sabe, pode fazer também
com que evitemos que isso aconteça na Terra.
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