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ASTRONOMIA
Oportunidade rara aconteceu ontem, quando o planeta passou na frente de uma estrela, ocultando a sua luz
Sul-americanos estudam o ar de Plutão
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A noite de ontem guardou uma
oportunidade única para astrônomos espalhados por observatórios na América do Sul: eles tentaram, pela segunda vez na história,
detectar a atmosfera do planeta
Plutão e seus componentes.
Normalmente, dada a distância
enorme e o tamanho diminuto do
planeta (que é o menor, nono e último do Sistema Solar), é impossível obter quaisquer informações
sobre o tipo de ar que poderia
existir sobre sua superfície.
Apenas em circunstâncias muito especiais, quando Plutão passa
na frente de uma estrela mais distante, é possível observar a atmosfera do planeta. Foi assim que os
astrônomos descobriram que ele
de fato tinha uma, em 1998, e foi o
que aconteceu às 23h20 de ontem
(hora de Brasília).
Nessa hora, Plutão passou na
frente da estrela P126, ocultando
sua luz. Parte dos raios da estrela,
então, entrou na atmosfera, passando de raspão pelo planeta, mas
ainda assim conseguindo sair e
seguir seu curso rumo à Terra.
Essa luz que chegou trouxe consigo uma marca de onde ela passou, uma espécie de "autógrafo"
da atmosfera plutoniana, que os
astrônomos podem decifrar.
"Em 1998, as observações foram
prejudicadas pelo tempo e os dados obtidos foram muito pobres",
diz Stefane Renner, astrônomo do
Observatório de Paris que esteve
no Observatório do Pico dos Dias,
do Laboratório Nacional de Astrofísica (em Itajubá, MG), justamente para ver o fenômeno.
Para driblar o mau tempo, uma
rede de observatórios foi montada. Além do observatório brasileiro, participaram dois outros na
Argentina, três no Chile e mais
uma série de telescópios portáteis
instalados no deserto chileno de
Atacama, o melhor ponto para a
observação do fenômeno (que
não é visível a olho nu).
A época da observação, pelo
menos, foi "pé quente": hoje faz
33 anos que o astronauta Neil
Armstrong tornou-se o primeiro
homem a pisar na Lua.
O esforço pode enriquecer o conhecimento acerca do mais misterioso planeta do Sistema Solar,
mas ainda não dispensa a visita de
uma sonda, que está atualmente
sendo criada nos EUA. Um painel
de cientistas recentemente recomendou à Nasa (agência espacial
americana) que colocasse a missão a Plutão no topo de suas prioridades. Atualmente, o projeto
ocupa o último lugar da lista.
Os primeiros resultados das observações feitas ontem só serão
divulgados pelos pesquisadores no mês que vem.
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