São Paulo, Terça-feira, 20 de Julho de 1999
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Pouso na Lua deu credibilidade à Nasa

da Sucursal de Brasília


"É um pequeno passo para homem, um gigantesco salto para a humanidade." A célebre frase de Neil Armstrong ao chegar à Lua há 30 anos estava truncada.
Por causa de um problema com o rádio do módulo lunar, o artigo indefinido "um" ("a" em inglês) antes do substantivo "homem" não foi ouvido na Terra.
Apenas um detalhe, dentre inúmeras dificuldades técnicas que quase fizeram com que os responsáveis pelo vôo o abortassem.
O rádio do módulo lunar (chamado Eagle) começou a falhar assim que Neil Armstrong e Edwin Aldrin terminaram a primeira órbita da Lua.
Muitas instruções do Centro Espacial Kennedy, em Houston, Texas, tiveram de ser repassadas à dupla via Michael Collins, que ficara a bordo do módulo de comando Columbia.
Depois, ocorreu uma série de disparos de alarmes falsos a bordo do Columbia, que obrigava os astronautas e os responsáveis em Houston a decidir se deviam ou não prosseguir na missão.
Se não houvesse tanto em jogo, do ponto de vista político, o vôo poderia ter sido abortado, avalia agora Jay Honeycutt, então diretor do Centro Kennedy.
Houve ainda percalços com o sistema de navegação automática. Tanto que Armstrong assumiu o comando manual para o pouso, finalizado quando restavam 30 segundos de combustível.
No final, tudo deu certo. A agência espacial norte-americana, Nasa, viu cristalizar-se na opinião pública do país uma aura de eficiência que se mantém até agora, como demonstram pesquisas de opinião pública.
Isso apesar das duas falhas que resultaram em tragédia, uma antes e outra depois da chegada de Armstrong e Aldrin à Lua: o incêndio da Apollo 1 em teste na Terra em 27 de janeiro de 1967 (três mortes) e a explosão da nave espacial Challenger em 28 de janeiro de 1986 (sete mortes).
E de dezenas de outros fracassos em missões não-tripuladas e quase desastres com astronautas.

Propaganda eficiente
A imagem de excelência da Nasa prevaleceu porque os responsáveis pelas relações públicas da agência foram competentes.
Desde o início do programa espacial dos EUA, eles resolveram personalizá-lo, transformando os astronautas em celebridades.
Desse modo, intrincados assuntos técnicos eram reduzidos a valores pessoais, como coragem, patriotismo, determinação.
Além disso, a Nasa podia contar, na guerra fria, com a colaboração de quase todos os jornalistas do país, que encaravam a corrida espacial como se fosse uma operação militar em que alertar o público para problemas equivaleria a trair a pátria.
Depois da Challenger, o prestígio da Nasa caiu. Mas tem se recuperado graças a novos lances de marketing, como a escolha de astronautas de grupos minoritários (negros, mulheres) ou o recente retorno ao espaço de John Glenn, aos 77 anos.
(CELS)

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