São Paulo, Terça-feira, 20 de Julho de 1999
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Projeto trouxe dados da origem da Terra

da Sucursal de Brasília


As ordens a Neil Armstrong eram claras: a primeira coisa que deveria fazer depois de imprimir a histórica marca de sua bota no solo lunar era recolher um punhado daquela terra e colocá-la num saco plástico.
Assim, mesmo que uma emergência o forçasse a retornar de imediato, os cientistas na Terra teriam um mínimo de evidência em que se debruçar para tentar elucidar questões que provavelmente ocuparam mentes humanas durante milhares de anos.
As seis missões Apollo que chegaram à Lua trouxeram de lá 385 quilos de material: cerca de 2.000 pedras, cem amostras de terreno, milhares de pedregulhos. Da análise de tudo isso, poucas respostas definitivas foram obtidas. Mas muito de novo se aprendeu.
Há consenso de que a principal lição, inesperada, foi a de que o papel do impacto de corpos celestes no processo geológico da Lua e da Terra foi muito mais importante do que se supunha antes.
Paul Spudis, do Instituto Lunar e Planetário de Houston, diz que essa conclusão "revolucionou a ciência" ao revelar que a colisão em hipervelocidade de asteróides, cometas e outros corpos foi fundamental na formação de planetas e influiu no rumo do processo de evolução biológica na Terra.

Chuva de asteróides
Foram amostras trazidas pela Apollo 17 que contaram a história de um titânico impacto de asteróides ocorrido há 3,8 bilhões de anos, com poder comparável ao de milhões de bombas-H.
Por causa delas, formulou-se a teoria, com evidências encontradas na região de Yucatán, México, de que um processo similar ocorreu na Terra, há 65 milhões de anos, quando um bólido bateu contra o planeta e foi responsável pela extinção dos dinossauros.
Embora não sejam conclusivos, os indícios do programa Apollo reforçam a tese de que os dois tipos primordiais de terrenos encontrados na Lua (chamados de terras e mares por Kepler no século 17) foram o resultado desses impactos meteóricos, mais do que de erupções vulcânicas.
Mas, embora pareça um volume impressionante de material, ainda seria preciso muito mais para permitir conclusões absolutas sobre origem, formação e composição geológica da Lua.
As Apollos estiveram em apenas seis pontos do satélite. Só as três últimas tinham veículos para permitir aos astronautas se afastar um pouco do local de pouso.
Além disso, apenas um cientista esteve na Lua: o geólogo Harrison Schmitt, na Apollo 17, que colheu as amostras mais importantes.
Foi só em 1994 que a nave não tripulada Clementine fez uma descoberta nova: pode haver água em forma de gelo na Lua.
No ano passado, a sofisticada sonda Lunar Prospector confirmou a possibilidade de que haja água no satélite.
No dia 31 de julho, quando ela fizer o papel de um pequeno meteorito e se chocar contra o satélite, o impacto poderá oferecer a prova conclusiva da hipótese.
(CELS)


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