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TECNOLOGIA
Invenção é de estudantes
Óleo de cozinha move camionete nos EUA
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
DE SAN FRANCISCO
Uma camionete cujo motor
cheira a hambúrguer, batata frita
e bacon está cruzando, com sucesso, os Estados Unidos. A invenção é dos universitários Justin
Carven, 23, e Skip Wrightson, 22.
Eles adaptaram um motor a diesel para funcionar com qualquer
combustível gorduroso -até restos de óleo de fritura, que recolhem de graça em restaurantes de
beira de estrada.
"Em geral, as pessoas adoram
quando a gente passa. Gostam de
idéia de um carro em que é só jogar gordura no tanque que ele já
sai andando", diz Wrightson.
"Nosso motor tem um projeto
simples, é fácil de construir e de
consertar", conta Carven.
A jornada começou em 13 de julho passado, em Massachusetts,
nordeste dos EUA. Na semana
passada, eles já estavam na Califórnia, no extremo oposto do
país. A partir desta semana, a dupla toma o caminho de volta.
Com exceção de uma pane logo
na primeira etapa da viagem, está
correndo tudo bem.
Gordura quente
Motores a diesel que funcionam
com óleo de cozinha são conhecidos dos especialistas, mas a maioria requer um tratamento químico para diminuir a viscosidade da
gordura (quimicamente, óleo e
gordura são a mesma coisa, só
que um é líquido à temperatura
ambiente e a outra, sólida).
A novidade do modelo de Carven e Wrightson é um sistema de
aquecimento, em forma de espiral, que envolve o motor e deixa o
óleo de fritura menos viscoso.
Por enquanto, ele o amigo não
pagaram nada pelo combustível.
Ao contrário, os donos de restaurantes ficam felizes de se livrar da
gordura que sobra nas frigideiras
e nos tanques de fritar batatas.
Embora os estudantes não tenham ainda uma explicação científica, já notaram que óleo de canola é o preferido do motor. O engenho faz cerca de 11,5 km por litro de combustível.
Assim como os primeiros carros a álcool brasileiros, a caminhonete precisa de uma "ajuda
extra" para pegar de manhã.
"Usamos um pouco de diesel para
dar partida, mas, depois que o
conjunto esquenta, acionamos
um interruptor e o motor começa
a funcionar com gordura."
Um prêmio de R$ 25 mil, dado
por uma organização nacional de
inventores, custeou o projeto. Os
autores dizem que o estudo pode
trazer benefícios econômicos e
ambientais, se levado adiante.
Primeiro, porque óleo usado,
em geral, é grátis. Depois, restos
de gordura são considerados um
material poluente e o uso como
combustível seria um modo nobre de aproveitá-los.
Os inventores ressaltam que os
gases do escapamento do motor
são menos tóxicos do que seus similares a gasolina e a diesel.
A dupla mantém uma página na
Internet, com mais informações
sobre motores a óleo vegetal (o
endereço é www.greasecar.com).
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