São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2000


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TECNOLOGIA
Invenção é de estudantes
Óleo de cozinha move camionete nos EUA

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
DE SAN FRANCISCO

Uma camionete cujo motor cheira a hambúrguer, batata frita e bacon está cruzando, com sucesso, os Estados Unidos. A invenção é dos universitários Justin Carven, 23, e Skip Wrightson, 22.
Eles adaptaram um motor a diesel para funcionar com qualquer combustível gorduroso -até restos de óleo de fritura, que recolhem de graça em restaurantes de beira de estrada.
"Em geral, as pessoas adoram quando a gente passa. Gostam de idéia de um carro em que é só jogar gordura no tanque que ele já sai andando", diz Wrightson. "Nosso motor tem um projeto simples, é fácil de construir e de consertar", conta Carven.
A jornada começou em 13 de julho passado, em Massachusetts, nordeste dos EUA. Na semana passada, eles já estavam na Califórnia, no extremo oposto do país. A partir desta semana, a dupla toma o caminho de volta. Com exceção de uma pane logo na primeira etapa da viagem, está correndo tudo bem.

Gordura quente
Motores a diesel que funcionam com óleo de cozinha são conhecidos dos especialistas, mas a maioria requer um tratamento químico para diminuir a viscosidade da gordura (quimicamente, óleo e gordura são a mesma coisa, só que um é líquido à temperatura ambiente e a outra, sólida).
A novidade do modelo de Carven e Wrightson é um sistema de aquecimento, em forma de espiral, que envolve o motor e deixa o óleo de fritura menos viscoso.
Por enquanto, ele o amigo não pagaram nada pelo combustível. Ao contrário, os donos de restaurantes ficam felizes de se livrar da gordura que sobra nas frigideiras e nos tanques de fritar batatas.
Embora os estudantes não tenham ainda uma explicação científica, já notaram que óleo de canola é o preferido do motor. O engenho faz cerca de 11,5 km por litro de combustível.
Assim como os primeiros carros a álcool brasileiros, a caminhonete precisa de uma "ajuda extra" para pegar de manhã. "Usamos um pouco de diesel para dar partida, mas, depois que o conjunto esquenta, acionamos um interruptor e o motor começa a funcionar com gordura."
Um prêmio de R$ 25 mil, dado por uma organização nacional de inventores, custeou o projeto. Os autores dizem que o estudo pode trazer benefícios econômicos e ambientais, se levado adiante.
Primeiro, porque óleo usado, em geral, é grátis. Depois, restos de gordura são considerados um material poluente e o uso como combustível seria um modo nobre de aproveitá-los.
Os inventores ressaltam que os gases do escapamento do motor são menos tóxicos do que seus similares a gasolina e a diesel.
A dupla mantém uma página na Internet, com mais informações sobre motores a óleo vegetal (o endereço é www.greasecar.com).


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