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Conheça o "pai" da Xylella e de Bové
MARCELO LEITE
EDITOR DE CIÊNCIA
O que têm em comum o Projeto
Genoma Xylella e José Bové, o
criador de ovelhas que virou celebridade ao liderar o desmonte de
um McDonald's em Millau, no sul
da França? Muito: um pai.
Joseph-Marie Bové, 71, mais conhecido como Josy Bové (mas
não tanto quanto o filho José),
nunca criou ovelhas. Ele é fitopatologista, um estudioso das doenças de plantas. Sem sua colaboração, o primeiro Projeto Genoma
brasileiro provavelmente se chamaria Thyobacillus e não Xylella.
A Fapesp já havia eleito outra
bactéria, Thyobacillus ferrooxidans (capaz de concentrar metais
e por isso útil na mineração). Bové pai ajudou a virar a jogo.
Ele tinha uma longa história
com o Brasil e com a bactéria do
amarelinho. O peso de sua autoridade pôs em marcha uma pesquisa que tornou o país pioneiro na
genômica de fitopatógenos e o levou à capa da revista "Nature", há
pouco mais de um mês.
Sua primeira viagem ao país foi
em 1959. Em 1987, a bióloga brasileira Victoria Rossetti -antiga
colega de estudos na França-
lhe enviou amostras de uma nova
doença de cítricos (o amarelinho). Bové identificou a bactéria
e cumpriu um protocolo clássico
(os "postulados de Koch") para
provar que ela causava o mal.
Procurado em abril de 1997 por
André Goffeau, antigo aluno seu e
então consultor da Fapesp, Bové
propôs o sequenciamento da
Xylella, mas não levou de imediato. Na reunião decisiva, porém,
fez uma defesa "apaixonada" e
"convincente" da bactéria, segundo o diretor científico da Fapesp,
José Fernando Perez.
Depois, Bové ainda treinaria
brasileiros nos detalhes da cultura da Xylella. Forneceu as primeiras amostras de DNA do bicho. É
seu pai, tanto quanto de José.
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