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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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ASTRONÁUTICA

País planeja desenvolvimento de novo foguete, capaz de colocar até 20 toneladas de uma vez em órbita

China quer sua estação espacial em 2012

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Adotando um cronograma conservador para seu programa tripulado, a China pretende estabelecer uma estação espacial própria de cerca de 20 toneladas no início da próxima década.
Embora as autoridades não confirmem datas para cada um dos avanços, o programa chinês já tem um plano básico para suas operações de 2007 a 2020.
Durante todo esse período, estão abandonados os planos de conquista lunar -ao menos com pousos tripulados. Em vez disso, os chineses pretendem seguir o antigo modelo soviético, com crescente capacitação para operações em baixa órbita terrestre, culminando com uma estação.
A configuração final não deve chegar a algo tão grandioso quanto a ISS (Estação Espacial Internacional). Estará para algo mais próximo das Salyuts, as primeiras estações desenvolvidas pelos soviéticos, que mais tarde serviram de base para a concepção da Mir.
Os chineses estão planejando um sistema de transporte espacial com os mesmos elementos existentes no programa russo. A Shenzhou chinesa é basicamente uma versão mais moderna da nave russa Soyuz, com três módulos.
A partir do design básico do veículo chinês, será desenvolvida uma nave de carga, com capacidade de até três toneladas. Por enquanto só há especificações básicas. A idéia é tê-la pronta para uso e operação entre 2010 e 2015.
Antes disso, outras tecnologias cruciais ao desenvolvimento de uma estação precisam ser demonstradas pelos chineses. Para isso, pelo menos outros três vôos de qualificação da Shenzhou serão realizados, separados por um período que varia de 6 a 18 meses.
Em uma entrevista coletiva realizada na última quarta-feira, após a missão bem-sucedida do astronauta chinês Yang Liwei a bordo da nave Shenzhou-5, Xie Mingbao, diretor do Escritório de Engenharia do Programa Espacial Tripulado da China, confirmou que o caminho para o futuro será a criação de pequenos laboratórios e, por fim, uma estação. Mas não ofereceu datas para as missões e limitou-se a dizer que o próximo vôo da Shenzhou deve vir "em um ou dois anos".
O próximo vôo deve apenas incluir tripulação maior e mais tempo no espaço. Os subsequentes terão tarefas mais difíceis, como atracação em órbita. Mas isso não acontecerá antes de 2006.
Após o sucesso de qualificação dos sistemas de atracação, as missões tentarão outro grande feito: uma caminhada espacial. O feito é pré-requisito para o desenvolvimento de estações -no mínimo para a realização de reparos.
Quando tudo isso estiver no lugar, o sonho de uma estação chinesa começará a tomar forma. Precursores da estação podem até vir da atracação de vários módulos da Shenzhou ou alguns desenvolvidos para esse fim. A estimativa para a colocação desses sistemas em órbita é 2008.
Mas o ponto alto será mesmo a construção de uma estação monobloco (lançada por um único foguete) de 20 toneladas, projeto que, em princípio, iria ao espaço em 2012 (o orçamento, assim como a data-alvo para lançamento, só deve ser aprovado em 2004).
Várias equipes trabalham em projetos concorrentes, neste momento, para estabelecer as bases da estação espacial. Seu desenvolvimento depende da criação de um novo foguete, o Chang Zheng-5 (Longa Marcha-5), capaz de levá-la para uma órbita terrestre baixa. Esse foguete também serviria como lançador comercial de satélites, fazendo competição ao Proton (russo), ao Delta-4 (americano) e ao Ariane-5 (europeu).
A estação teria capacidade para abrigar dois astronautas por seis meses e receber visita de até duas naves ao mesmo tempo. O complexo teria vida útil de dez anos.


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