São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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GEOLOGIA

Compra de equipamentos e criação de infra-estrutura em projeto liderado pela Petrobras consome R$ 20 milhões

Brasil abriga grande rede de geociências

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir do ano que vem, já estará em funcionamento no Brasil a maior rede de pesquisa em geociências da América Latina. A Rede Geochronos, como está sendo chamada, terá envolvimento de dois ministérios e integrará empresas e instituições acadêmicas espalhadas pelo país. O anúncio foi feito anteontem, durante o Congresso Brasileiro de Geologia, realizado em Araxá (MG).
A idéia é que os estudos a serem realizados aprofundem o conhecimento geológico do território nacional, especialmente no que diz respeito a geocronologia -a datação de amostras de rocha.
A pesquisa é especialmente útil para identificar reservas de petróleo e gás natural, mas também tem aplicações em áreas que vão de pesquisa básica em geologia até proteção ambiental.
"Com os equipamentos altamente sensíveis que estamos adquirindo, será possível detectar traços de contaminação em amostras de qualquer habitat que estudarmos", diz Carlos Tadeu Fraga, gerente-executivo do Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobras), no Rio de Janeiro.
Os investimentos para a criação da rede, que consistem principalmente na compra de caros equipamentos de análise de amostras e na adaptação da infra-estrutura local das universidades para recebê-los, somam R$ 20 milhões.
A parceria emergiu inicialmente de convênios firmados entre a Petrobras e quatro universidades: UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), UFPA (Universidade Federal do Pará), UnB (Universidade de Brasília), e USP (Universidade de São Paulo).
Depois, o projeto foi expandido para envolver os ministérios de Minas e Energia e da Ciência e Tecnologia e permitir a entrada de outras companhias interessadas. Por aí entrou a CPRM (Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais), que também tem interesses nos resultados que podem sair da rede para a identificação de potenciais veios de exploração de minérios nas bacias brasileiras.

Economia
A instalação dos equipamentos -três equipamentos multicoletores, nas universidades federais e na UnB, e uma microssonda de alta resolução, comprada em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e a ser instalada na USP- permitirá a realização no Brasil de vários testes que antes precisavam ser encomendados no exterior.
"De imediato, isso representa uma economia de várias centenas de milhares de dólares por ano em testes que tínhamos de encomendar na Austrália", explica Fraga. "É uma vantagem dupla, porque, além de serem caros, os testes entravam numa fila lá e demoravam a chegar para nós."
Além de minimizar a necessidade de encomendar as análises fora, a criação da rede ajuda a ciência nacional, segundo o gerente do Cenpes. "Estamos criando uma massa crítica de pesquisadores especializados que trabalham com esse tipo de estudo."
No futuro, a perspectiva é não só absorver a demanda nacional, mas também receber encomendas de estudos que atendam aos países da América do Sul e da África, que lidam com prospecção de minérios, óleo e gás e também precisam recorrer a centros de pesquisa de países ricos.
"Do jeito que está montada hoje, a rede será um pólo agregador de geociências na América do Sul", diz Fraga. "A expectativa é que no final do ano o sistema já esteja começando a operar."


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