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GEOLOGIA
Compra de equipamentos e criação de infra-estrutura em projeto liderado pela Petrobras consome R$ 20 milhões
Brasil abriga grande rede de geociências
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir do ano que vem, já estará em funcionamento no Brasil a
maior rede de pesquisa em geociências da América Latina. A Rede Geochronos, como está sendo
chamada, terá envolvimento de
dois ministérios e integrará empresas e instituições acadêmicas
espalhadas pelo país. O anúncio
foi feito anteontem, durante o
Congresso Brasileiro de Geologia,
realizado em Araxá (MG).
A idéia é que os estudos a serem
realizados aprofundem o conhecimento geológico do território
nacional, especialmente no que
diz respeito a geocronologia -a
datação de amostras de rocha.
A pesquisa é especialmente útil
para identificar reservas de petróleo e gás natural, mas também
tem aplicações em áreas que vão
de pesquisa básica em geologia
até proteção ambiental.
"Com os equipamentos altamente sensíveis que estamos adquirindo, será possível detectar
traços de contaminação em
amostras de qualquer habitat que
estudarmos", diz Carlos Tadeu
Fraga, gerente-executivo do Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobras), no Rio de Janeiro.
Os investimentos para a criação
da rede, que consistem principalmente na compra de caros equipamentos de análise de amostras
e na adaptação da infra-estrutura
local das universidades para recebê-los, somam R$ 20 milhões.
A parceria emergiu inicialmente de convênios firmados entre a
Petrobras e quatro universidades:
UFRGS (Universidade Federal do
Rio Grande do Sul), UFPA (Universidade Federal do Pará), UnB
(Universidade de Brasília), e USP
(Universidade de São Paulo).
Depois, o projeto foi expandido
para envolver os ministérios de
Minas e Energia e da Ciência e
Tecnologia e permitir a entrada
de outras companhias interessadas. Por aí entrou a CPRM (Companhia de Pesquisas de Recursos
Minerais), que também tem interesses nos resultados que podem
sair da rede para a identificação
de potenciais veios de exploração
de minérios nas bacias brasileiras.
Economia
A instalação dos equipamentos
-três equipamentos multicoletores, nas universidades federais e
na UnB, e uma microssonda de
alta resolução, comprada em parceria com a Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo
e a ser instalada na USP- permitirá a realização no Brasil de vários testes que antes precisavam
ser encomendados no exterior.
"De imediato, isso representa
uma economia de várias centenas
de milhares de dólares por ano
em testes que tínhamos de encomendar na Austrália", explica
Fraga. "É uma vantagem dupla,
porque, além de serem caros, os
testes entravam numa fila lá e demoravam a chegar para nós."
Além de minimizar a necessidade de encomendar as análises fora, a criação da rede ajuda a ciência nacional, segundo o gerente
do Cenpes. "Estamos criando
uma massa crítica de pesquisadores especializados que trabalham
com esse tipo de estudo."
No futuro, a perspectiva é não
só absorver a demanda nacional,
mas também receber encomendas de estudos que atendam aos
países da América do Sul e da
África, que lidam com prospecção de minérios, óleo e gás e também precisam recorrer a centros
de pesquisa de países ricos.
"Do jeito que está montada hoje, a rede será um pólo agregador
de geociências na América do
Sul", diz Fraga. "A expectativa é
que no final do ano o sistema já
esteja começando a operar."
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