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USP usará R$ 50 mi para financiamento da própria pesquisa
Hoje, os cientistas recebem dinheiro de fora, como o da Fapesp, que em 2009 destinou R$ 310 mi à universidade
Para ex-reitor, o maior risco do financiamento próprio é que dinheiro seja distribuído sem critérios científicos
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Hoje dependente de agências externas de fomento, a
Universidade de São Paulo
lança na semana que vem
um programa próprio para financiar suas pesquisas. A intenção é aumentar o impacto
de seus trabalhos científicos.
A USP ajudará financeiramente até 31 dos seus grupos
ou centros de pesquisa, segundo o edital já aprovado,
ao qual a Folha teve acesso.
Os pesquisadores receberão cerca de R$ 50 milhões no
total -a Fapesp, uma das
principais financiadoras dos
pesquisadores da instituição, destinou R$ 310 milhões
à universidade ano passado.
A USP pretende incentivar
duas frentes: grupos que trabalham com temas pouco
apoiados pelas agências de
fomento; grupos de diferentes áreas, já consolidados,
que decidam pesquisar um
mesmo tema.
"Mesmo que quase 90%
do nosso orçamento seja gasto em folha de pagamento, a
USP precisa ter uma margem
de recursos para incentivar
pesquisas que ela mesma entenda como relevantes. Isso
não vem acontecendo", disse
o reitor João Grandino Rodas.
Em relação a investigações
que podem ser integradas, o
pró-reitor de pesquisa, Marco
Antonio Zago, citou como
exemplo o câncer.
INTEGRANDO
"A USP tem grupos de excelente nível pesquisando o
tema, nas ciências básicas,
na bioquímica, na genética,
na clínica. Mas os trabalhos
não são coordenados. Queremos um programa para câncer, outro para bioenergia."
Sobre temas ainda pouco
apoiados e que precisam de
mais pesquisas, Zago citou
como exemplo novas práticas educacionais, que usam
tecnologia ou internet.
A princípio, o programa de
financiamento terá uma edição, que vai se estender de
2011 a 2013, mas poderão haver novas chamadas. O edital
será lançado no dia 26.
Com o projeto de fomento,
a universidade quer iniciar
uma reorganização de sua
produção científica. Um texto da universidade que apresenta o programa afirma:
"A USP é a mais produtiva
universidade do país, mas
continua distante dos primeiros postos consoante aos
padrões internacionais. O
crescimento de seu corpo de
pesquisadores, a extrema
fragmentação de seus grupos
de pesquisa, a ênfase no volume de publicações e as ligações frágeis com o setor
produtivo não contribuem
para aumentar o impacto de
sua produção científica".
No último ranking Times
Higher Education, por exemplo, a USP ficou fora da lista
das 200 melhores universidades do mundo.
Para o ex-reitor da USP Roberto Lobo, o programa está
bem montado. O principal
cuidado, diz o presidente do
Instituto Lobo, deve ser a escolha dos beneficiados. "O
risco de promover financiamento próprio é transformá-lo em ação entre amigos."
Segundo o edital, na seleção haverá parecer de assessoria externa e julgamento
de um comitê "ad hoc".
Na opinião de Oscar Hipólito, ex-diretor do Instituto de
Física da USP de São Carlos e
pesquisador do Instituto Lobo, o projeto é bem feito, mas
o montante destinado aos
grupos "é muito pequeno".
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