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ONG faz mapeamento de florestas intactas da Terra
REINALDO JOSÉ LOPES
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Alexey Uaroshenkov, da campanha de florestas e mapeamento
do Greenpeace na Rússia, desdobra um enorme mapa-múndi e
aponta uma minúscula manchinha verde no interior da Romênia, no alto dos Cárpatos. "É a
única floresta intacta que sobrou
em toda a Europa Ocidental e
Central", afirma o pesquisador.
O dado europeu é de cair o queixo, mas nem chega perto da escala
da destruição apontada pelo par
de relatórios da ONG ambientalista que foram lançados ontem
na COP-8. Com o título comum
de "Roadmap to Recovery" ("Mapa para a Recuperação"), os trabalhos detalham respectivamente
as últimas grandes áreas de floresta virgem no planeta e as regiões
em alto-mar que precisam ser
protegidas a todo custo caso a humanidade não queira perder a
biodiversidade que ainda têm.
O alemão Christoph Thies,
coordenador da campanha de florestas do Greenpeace, usou uma
metáfora futebolística para expor
a situação: "Terminamos o primeiro tempo perdendo de três a
zero -o que não quer dizer que
ainda não possamos virar o jogo."
O mapeamento, usando imagens de satélite obtidas em 2001 e
2002, sugere que, entre 142 países
que possuem florestas, 82 já acabaram com todas as áreas intactas. "As florestas que eles ainda
têm são secundárias [ou seja, formadas após uma derrubada] ou
fragmentadas", diz Uaroshenkov.
Segundo o estudo, menos de 10%
da superfície terrestre hoje é coberta por florestas intactas.
A Amazônia brasileira, embora
pareça uniformemente verde,
apresenta um quadro um pouco
mais complexo, diz o pesquisador. "Existem muitas áreas cinzas
aí no meio; o problema é a resolução que usamos. Se fôssemos imprimir o mapa na escala que utilizamos realmente, ele teria 40 m."
A situação na terra pode ser periclitante, mas não se compara ao
saque generalizado que tem assolado a biodiversidade no mar. Callum Roberts, da Universidade de
York (Reino Unido), apresentou
o que seria uma rede de reservas
além das águas continentais, capaz de proteger esses recursos.
São 25 áreas espalhadas por todos os oceanos e pelo Mediterrâneo, definidas de acordo com os
locais marinhos onde há grandes
concentrações de espécies. "A
pesca indiscriminada nesses locais praticamente acabou com as
populações dos grandes peixes
carnívoros. Os países têm de parar de fazer o que querem com essas áreas, até para garantir que os
recursos pesqueiros não sumam."
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