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Amazônia ganha 1,84 milhão de ha em novas reservas
Área de proteção servirá de barreira contra avanço da agropecuária em região de campos no sul do Amazonas
Implementação da medida
aguarda plano de manejo e
regularização fundiária de
terras; governo ainda não
liberou verbas para projeto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal criou ontem três novas reservas ambientais na Amazônia, com
áreas que somam 1,84 milhão
de hectares, mas a sua implementação não será imediata.
"Cada realidade é uma realidade", explicou a ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva,
que não quis dizer quando espera que haja um controle efetivo do governo na área.
Foram criados o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, com 880 mil hectares, e as
reservas extrativistas do rio
Unini (830 mil hectares) e Arapixi (133 mil hectares).
Enquanto nas reservas extrativistas é autorizado que as comunidades locais vivam da
agricultura de subsistência, da
criação de pequenos animais e
de recursos naturais, no parque
o ambiente é totalmente protegido -são permitidos apenas
turismo ecológico e pesquisas.
A mais complicada das três
áreas criadas ontem era justamente o Parque Nacional dos
Campos Amazônicos, que vinha sendo discutido havia mais
de oito anos. A região, no sudoeste do Amazonas e extremo
nordeste de Rondônia, abriga
intensa atividade agropecuária.
O parque teria inicialmente
cerca de 600 mil hectares. Depois de consultas populares, o
tamanho subiu para mais de 1
milhão. E chegou aos 880 mil
após negociações com as comunidades e os empresários.
Barreiras
O Parque Nacional dos Campos Amazônicos -o primeiro a
cobrir esse tipo de vegetação-
integra uma barreira de unidades de conservação que se estende desde Mato Grosso, para
impedir o avanço da agropecuária sobre florestas do Amazonas. "Fechamos o buraco de
Rondônia", disse o secretário
de Biodiversidade e Florestas
do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco.
Por enquanto, não há verbas
para essas novas áreas. Ainda
faltam a elaboração de um plano de manejo e a finalização do
processo de regularização fundiária, em parceria com o Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Com esse 1,84 milhão de hectares protegido ontem, as áreas
de conservação federal criadas
no governo Lula chegam a 19,3
milhões de hectares. Segundo o
Ministério do Meio Ambiente,
esse número representa 34%
de tudo o que foi criado em todos os governos anteriores.
(PEDRO DIAS LEITE E EDUARDO SCOLESE)
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