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Fezes fossilizadas podem revelar
elos entre humanos e neandertais
DO ENVIADO A SEATTLE (EUA)
Para um desavisado parece até
obsessão freudiana, mas Hendrik
Poynar está pedindo a todos os
seus conhecidos a maior quantidade de fezes possível -quanto
mais velhas, melhores. Bioantropólogo da Universidade MacMaster, no Canadá, está prestes a investigar a relação entre neandertais e humanos modernos olhando não para seus crânios, mas para o que eles defecavam -e para
as moléculas que podem contar a
história deles, ocultas ali dentro.
"Estamos recolhendo amostras
de coprólitos [fezes fossilizadas]
de duas cavernas em Israel com
40 mil anos, onde provavelmente
Cro-Magnons [os primeiros humanos modernos] e neandertais
viveram lado a lado", contou o
pesquisador durante a reunião da
AAAS (Associação Americana
para o Avanço da Ciência).
Dadas as características muito
especiais de preservação que as
fezes podem alcançar, há grandes
chances de elas terem preservado
mais DNA do que o que se pode
extrair de ossos, bem como proteínas e outras moléculas. Poynar
pretende usar esse material, que
segundo ele tende a ter aparência
e consistência de chocolate, para
extrair o máximo de informação
possível sobre os dois grupos de
humanos que habitaram a Palestina no fim da Era do Gelo.
Os sedimentos da caverna, que
formam uma impressionante série temporal que vai até 150 mil
anos atrás, também vão ser peneirados. "Depois disso, o que você
faz é basicamente sequenciar tudo o que está ali e examinar toda a
cadeia de relações alimentares,
ecológicas e de parentesco das
pessoas e animais que habitaram
a caverna", afirma.
Poynar também disse estar
apostando todas as suas fichas para a melhor compreensão da evolução humana na chamada paleoproteômica -o estudo das proteínas em fósseis.
(RJL)
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