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PERISCÓPIO
Cientistas dos EUA testam medicamento contra a gripe
JOSÉ REIS
especial para a Folha
Saberemos daqui a dois anos se
foi aprovado o produto preventivo e inibidor do vírus da gripe ou
influenza.
As experiências até aqui realizadas em animais foram animadoras, mas para uso humano são
necessários testes especiais de
inocuidade para o paciente e de
eficácia contra o vírus.
Na linguagem popular usam-se
as palavras gripe e resfriado como sinônimas, correspondentes
a uma só doença.
Mas, na verdade, tratam-se de
doenças distintas, cada um das
quais, ao que se sabe hoje, por sua
vez representadas por mais de
um agente.
O resfriado é muito mais benigno, podendo mesmo passar despercebido. A gripe, que às vezes
ataca esporadicamente, costuma
ser endêmica, produzindo endemias de proporções variáveis e
até pandemias como a que, em
1918, matou milhões de pessoas.
O vírus da gripe foi o primeiro
isolado em 1933 por Smith, Andrewes e Laidlaw no Reino Unido. No ano seguinte Francis e
Magill isolaram nos Estados Unidos outro vírus. Daí por diante
outros tipos foram isolados, ao
mesmo tempo que se descreviam
sintomas gripais no decurso de
doenças produzidas por vírus
próprios de outras moléstias.
Contra a gripe existem vacinas,
porém não havia produto preventivo e curativo resultante de
operação quimioterápica.
Isso é o que agora foi anunciado
(fevereiro de 1997) por empresa
farmacêutica da Califórnia, a Gilead Sciences, no ``Journal of the
American Chemical Society''.
O vírus da gripe encerra uma
enzima, a neuraminase, que favorece a saída do vírus das células
em que se multiplicou, podendo,
assim, infectar outras células e se
disseminar pelo corpo.
O composto agora referido, o
GS4104, é capaz de bloquear a
ação da enzima e impedir a disseminação do vírus.
Por enquanto tudo não passa de
esperança, porque resta submeter o composto a experiências de
segurança e eficácia.
Certo é que ele protege contra a
propagação do agente infeccioso
entre os animais.
Não age, porém, no resfriado,
mas atua preventivamente quando ingerido (são pílulas) 48 horas
antes dos primeiros sintomas da
doença.
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