|
Próximo Texto | Índice
BIOTECNOLOGIA
ABC pretende ir ao Senado para reabrir debate sobre pesquisa de terapias com células-tronco embrionárias
Academia quer rever lei sobre clonagem
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A Academia Brasileira de Ciências (ABC), uma das 63 sociedades científicas de todo o mundo
que lançaram ontem um manifesto pela proibição da clonagem reprodutiva de seres humanos, quer
a clonagem terapêutica de volta à
pauta do Senado Federal.
O Brasil participou com destaque da negociação internacional:
entre os seis cientistas que produziram o documento encaminhado à ONU (Organização das Nações Unidas) está Mayana Zatz, titular da cadeira de genética do
Instituto de Biociências da USP e
integrante da ABC que participou
de entrevista coletiva no Rio.
O manifesto antecipado ontem
pela Folha, apesar de contrário à
clonagem reprodutiva, defende a
clonagem terapêutica, ou seja, a
produção de embriões de cinco a
seis dias para retirada de células-tronco empregadas em pesquisas
de tratamentos de doenças como
o mal de Parkinson.
Zatz cobrou hoje uma definição
do governo Lula sobre o assunto.
No final do ano passado, o Senado
discutiu projeto de lei para proibir
todas as formas de clonagem humana e reforçar a lei 8.974, de janeiro de 1995, conhecida como
Lei de Biossegurança. Ela veda a
"manipulação genética de células
germinais humanas" e trata essa
prática como crime.
No Brasil, segundo Zatz, a Igreja
Católica mantém forte pressão
para impedir a aprovação da legislação, embora os estudos nessa
área estejam avançados. A pesquisadora citou outras religiões
que já se manifestaram a favor,
como adventistas, judeus, espíritas e umbandistas.
Ela citou países que já aprovaram legislação que permite a clonagem terapêutica, como nações
da União Européia e Austrália,
Canadá e Israel. Com relação aos
EUA, a pesquisadora afirma que a
continuação das pesquisas é uma
unanimidade entre cientistas.
A geneticista brasileira também
criticou as posições do papa João
Paulo 2º e do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
"Temos de ouvir os parentes das
pessoas que dependem dos avanços das pesquisas para sobreviver
ou minimizar sofrimentos", disse.
Zatz negou que a ciência seja capaz de clonar um ser humano.
"Não é nem por questões éticas,
mas pela eficiência, que é baixíssima", disse.
(LUIZ ANDRÉ FERREIRA)
Leia a íntegra do manifesto na Folha Online
Próximo Texto: Panorâmica - VLS-1: Aeronáutica apresenta hoje primeiras informações de investigação do acidente Índice
|