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São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2003

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BIOTECNOLOGIA

ABC pretende ir ao Senado para reabrir debate sobre pesquisa de terapias com células-tronco embrionárias

Academia quer rever lei sobre clonagem

DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A Academia Brasileira de Ciências (ABC), uma das 63 sociedades científicas de todo o mundo que lançaram ontem um manifesto pela proibição da clonagem reprodutiva de seres humanos, quer a clonagem terapêutica de volta à pauta do Senado Federal.
O Brasil participou com destaque da negociação internacional: entre os seis cientistas que produziram o documento encaminhado à ONU (Organização das Nações Unidas) está Mayana Zatz, titular da cadeira de genética do Instituto de Biociências da USP e integrante da ABC que participou de entrevista coletiva no Rio.
O manifesto antecipado ontem pela Folha, apesar de contrário à clonagem reprodutiva, defende a clonagem terapêutica, ou seja, a produção de embriões de cinco a seis dias para retirada de células-tronco empregadas em pesquisas de tratamentos de doenças como o mal de Parkinson.
Zatz cobrou hoje uma definição do governo Lula sobre o assunto. No final do ano passado, o Senado discutiu projeto de lei para proibir todas as formas de clonagem humana e reforçar a lei 8.974, de janeiro de 1995, conhecida como Lei de Biossegurança. Ela veda a "manipulação genética de células germinais humanas" e trata essa prática como crime.
No Brasil, segundo Zatz, a Igreja Católica mantém forte pressão para impedir a aprovação da legislação, embora os estudos nessa área estejam avançados. A pesquisadora citou outras religiões que já se manifestaram a favor, como adventistas, judeus, espíritas e umbandistas.
Ela citou países que já aprovaram legislação que permite a clonagem terapêutica, como nações da União Européia e Austrália, Canadá e Israel. Com relação aos EUA, a pesquisadora afirma que a continuação das pesquisas é uma unanimidade entre cientistas.
A geneticista brasileira também criticou as posições do papa João Paulo 2º e do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. "Temos de ouvir os parentes das pessoas que dependem dos avanços das pesquisas para sobreviver ou minimizar sofrimentos", disse.
Zatz negou que a ciência seja capaz de clonar um ser humano. "Não é nem por questões éticas, mas pela eficiência, que é baixíssima", disse. (LUIZ ANDRÉ FERREIRA)

Leia a íntegra do manifesto na Folha Online

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