São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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AMBIENTE

ONG e Universidade Columbia lançam mapa indicando que restam apenas 17% do planeta para a vida selvagem

Homem explora 83% da Terra, diz estudo

DA REDAÇÃO

Afora as florestas geladas do Alasca, do Canadá e da Rússia, além dos igualmente frios planaltos elevados do Tibete e da Mongólia, sobram cada vez menos terras virgens para a vida selvagem no planeta -a maioria delas na Amazônia. Todas somadas, estima-se que representem apenas 17% da superfície da Terra.
Os outros 83% da área do planeta já são utilizados para o sustento da humanidade, por meio de agricultura, mineração ou extrativismo (inclusive pesca e caça). No que diz respeito às terras aráveis, 98% se encontram tomadas pela agricultura, com forte predominância de apenas três lavouras: arroz, trigo e milho.
As cifras estão num estudo lançado ontem na internet pelo Centro para a Rede Internacional de Informações de Ciência da Terra, da Universidade Columbia (Nova York) e pela organização não-governamental Sociedade de Conservação da Vida Selvagem (WCS, na abreviação em inglês).
As duas instituições produziram, como peça central do relatório, o mapa "The Human Footprint" (literalmente, A Pegada Humana, uma forma de designar o espaço ambiental ocupado pela espécie humana). O endereço do estudo na internet é http://wcs.org/humanfootprint.
O mapa fornece uma visão agregada das pressões exercidas pelo homem sobre o ambiente, como densidade populacional, redes de estradas e hidrovias, infra-estrutura para geração e distribuição de energia elétrica e a própria área tomada por cidades e fazendas.
"O mapa da "pegada" humana é uma visão desanuviada de nossa influência sobre a Terra", disse à agência Reuters Eric Sanderson, o ecólogo de paisagens da WCS que coordenou o estudo.
"Ele fornece um modo de encontrar oportunidades para salvar a vida selvagem e terras virgens em áreas intocadas, e também para entender como as formas de conservação de matas, ambiente rural, subúrbios e cidades estão todas relacionadas." Foram identificadas 568 áreas prioritárias para conservação.
Segundo o estudo, a ciência já demonstrou que cerca de 40% da produtividade primária do planeta (ou seja, em sentido geral, tudo aquilo que é produzido por fotossíntese) é apropriada pela humanidade, a cada ano -seja pelo consumo direto, seja impedindo que outras espécies dela se beneficiem. Pelo menos 60% da água doce corrente disponível é desviada para atividades humanas.
Embora sejam somente estimativas, afirma a WCS, essas estatísticas testemunham que não tem precedentes na história a escalada no consumo de recursos naturais ao longo do século 20. A conclusão é que o mundo se encontra numa grave crise ambiental. Segundo o naturalista Edward O. Wilson, citado no estudo, a extensão do padrão de consumo americano a todos as pessoas da Terra exigiria três planetas adicionais.


Com agências internacionais


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