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AMBIENTE
Acordo internacional depende agora da assinatura do presidente Vladimir Putin para entrar em vigor em 2005
Câmara russa aprova Protocolo de Kyoto
DA REDAÇÃO
A Duma, Câmara Baixa do Parlamento russo, aprovou ontem o
Protocolo de Kyoto, acordo ambiental internacional que prevê a
redução da emissão de gases que
provocam o efeito estufa.
A proposta foi sancionada por
334 votos contra 73, com duas
abstenções. Ela deve ser analisada
pela Câmara Alta no dia 27, segundo a agência de notícias Interfax, e então seguirá para o presidente Vladimir Putin, que terá 15
dias para assinar o texto.
Caso a Rússia confirme sua participação, o acordo passa a vigorar no ano que vem, com 61% das
emissões registradas pelos países
ricos em 1990. O protocolo precisa ser aprovado como lei por pelo
menos 55 países que respondam
por 55% das emissões do mundo
industrializado registradas em
1990. Atualmente, tem o apoio de
126 nações, entre elas o Brasil, que
se comprometem a reduzir as
emissões até 2012.
A Rússia -terceiro maior
emissor de dióxido de carbono do
mundo- detém o poder de salvar o tratado ou deixá-lo escorregar pela mesa de negociações desde 2001, quando os EUA, principal nação poluidora, rejeitaram
Kyoto ao alegar dano à economia.
Putin usou a posição favorável
como ferramenta política a partir
de então. A comunidade internacional já cogitava acordos alternativos ao protocolo -como planos unilaterais europeus- para
reduzir o impacto dos gases poluentes no ambiente.
Em maio, o presidente russo demonstrou interesse em apressar a
ratificação do acordo em troca do
apoio da União Européia para a
entrada russa na Organização
Mundial do Comércio. Em setembro, pediu a seus ministros que
aprovassem os termos e agilizou a
votação na Duma, majoritariamente governista.
A aprovação, apesar de esperada, foi comemorada pelos ambientalistas. "Brindaremos à Rússia com vodca", disse Steve Sawyer, do Greenpeace. "Os inimigos
de Kyoto devem estar imersos em
desgosto", afirmou Jennifer Morgan, do WWF (Fundo Mundial
para a Natureza).
Na sede da União Européia, na
Bélgica, o resultado foi comemorado com champanhe russo. O
presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, disse que o
protocolo "pode não ser perfeito", mas o defendeu como a "única ferramenta efetiva disponível"
para combater o efeito estufa.
Para o diretor do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente, Klaus Töpfer, a decisão é
um incentivo aos esforços globais
para alcançar as metas do acordo,
ainda que "o objetivo de estabilizar o clima e assegurar o equilíbrio do planeta esteja distante".
O efeito estufa é um dos motivos apontados para explicar a elevação das temperaturas globais.
Críticos afirmam que trilhões de
dólares serão gastos para que
Kyoto seja colocado em prática
sem que o problema ambiental
seja contido -especialmente se
países em desenvolvimento, como a China, não forem incluídos.
"Há problemas muito mais importantes para serem resolvidos,
como Aids, malária e má nutrição", disse o dinamarquês Bjorn
Lomborg, autor do livro "O Ambientalista Cético".
Em Washington, o Departamento de Estado anunciou que
não tem intenção de mudar de
posição. "Não acreditamos que o
Protocolo de Kyoto seja adequado para os Estados Unidos", afirmou o porta-voz Adam Ereli.
Com agências internacionais
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