São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2000


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ESPAÇO
Missão da Nasa procura reverter queda na altitude de módulos já acoplados; problemas se devem a atrasos russos
Astronautas "empurram" estação orbital

Associated Press/Nasa
Scott Horowitz, piloto da Atlantis, se desloca na estação espacial


DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Astronautas do ônibus espacial Atlantis, da agência norte-americana Nasa, entraram ontem nos dois módulos já montados da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), depois de quase um ano em que a estação permaneceu sem visitas. Eles se preparam para impulsioná-la até uma órbita mais elevada.
Na segunda visita já realizada à estação, os astronautas instalaram um par de baterias novas e também transferiram cerca de uma tonelada de equipamentos à ISS, incluindo contêineres de água, dicionários de inglês e russo e uma esteira para exercícios.
Segundo a rede de notícias CNN, a equipe também analisou a qualidade do ar da estação, que, devido ao provável excesso de gás carbônico, causou náuseas e dores de cabeça na primeira equipe que visitou a ISS.
A primeira missão a bordo da estação ocorreu em maio do ano passado. Desde então, novas missões tinham sido repetidamente adiadas, principalmente devido ao atraso da Rússia em terminar um novo módulo da ISS -que ainda aguarda finalização e uma data para lançamento.
Nesse período em que esteve desabitada, a estação teve problemas de energia e -o mais grave e alarmante- começou a perder altitude, devido ao atrito com a atmosfera terrestre.
A ISS será levada a uma nova posição com a ajuda dos propulsores da Atlantis. A missão deverá durar três dias e elevar em 43 km a altitude da ISS, atualmente de 333 km. A Nasa poderia usar os propulsores da própria estação, mas preferiu não gastar combustível em excesso da ISS.
Essa decisão vem, principalmente, pelos atrasos russos -já criticados pelos EUA- em lançar o novo módulo, chamado Zvezda ("estrela", em russo). O Zvezda deveria assumir algumas funções dos módulos em órbita, servindo de alojamento e principal sistema propulsor da ISS.

Desvio de verbas
A irritação norte-americana em relação ao programa espacial russo não diz respeito somente ao atraso do módulo. Repetidas tentativas russas de manter sua própria estação espacial em órbita -a Mir, em operação desde 1986- têm desviado verbas importantes da ISS, afirma a Nasa.
Enquanto a Atlantis realiza reparos na ISS, dois cosmonautas russos realizam uma missão de 60 dias a bordo da Mir, para colocá-la novamente em condições de funcionamento. A tripulação chegou à estação em 6 de abril .
A atividade ocorre nove meses depois de a Mir ter sido supostamente abandonada, em preparação para que ela fosse desativada e se desintegrasse ao entrar em atrito com a atmosfera terrestre.
Daniel Goldin, diretor da Nasa, disse no mês passado que estava muito frustrado pela decisão da Rússia de manter as operações na Mir, depois de o país ter afirmado que deveria abandonar a estação e concentrar os esforços na ISS -que deve estar pronta em 2005, a um custo de US$ 60 bilhões.
"Eles sempre parecem ter um pouco de dinheiro extra para a Mir, mas não para a Estação Espacial Internacional", afirmou.
"Nós cumpriremos nossa colaboração com a ISS", disse o presidente russo em exercício, Vladimir Putin, em abril. "Mas não devemos nos esquecer da indústria nacional. Ela tem prioridade."
Atualmente, a Mir está operando graças a fundos de cerca de US$ 20 milhões de uma empresa privada chamada MirCorp, baseada em Amsterdã, na Holanda.
Entre outros planos, a empresa planeja investir na Mir para transformá-la em um hotel espacial, para turistas que estejam dispostos a pagar US$ 20 milhões para tirar férias no espaço.


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