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ARQUEOLOGIA
Para estudioso, sistema de nós tradicional armazenava histórias
Incas teriam linguagem binária
STEVE CONNOR
DO "INDEPENDENT"
Eles construíram o maior império de sua era, com uma vasta rede
de estradas e armazéns. Ainda assim, os incas, dinastia fundada
por Manco Qapac que durou de
1200 a 1532, não tinham linguagem escrita. Era o que se achava.
Um estudioso da antiguidade
sul-americana, no entanto, acredita que os incas possuíam uma
forma de comunicação não-verbal, codificada numa linguagem
binária semelhante à dos computadores de hoje. Gary Urton, professor de antropologia da Universidade Harvard, reanalisou o
complicado sistema de nós usados como ferramentas contábeis
pelos incas, os "quipu", e descobriu que eles contêm um código
binário de sete bits, capaz de processar mais de 1.500 unidades separadas de informação.
Em busca de uma prova definitiva de sua descoberta, que será
detalhada num livro, Urton acredita que está perto de encontrar a
"Pedra de Rosetta" da América do
Sul, um "quipu" que tenha sido
traduzido para o espanhol cerca
de 500 anos atrás.
"Estou otimista sobre encontrarmos um", afirmou, em alusão
à pedra que permitiu aos estudiosos decifrar a escrita egípcia.
Os "quipu" podem ser bastante
elaborados, compostos de uma
corda principal à qual são anexadas várias outras. Cada corda
pendente pode ter cordas secundárias, terciárias e assim por diante, como ramos de uma árvore.
Sete bits
Urton descobriu que há, teoricamente, sete pontos na confecção de um "quipu" nos quais a
pessoa que fazia os nós podia fazer uma escolha simples entre
duas possibilidades -um código
binário de sete bits. Por exemplo,
ela poderia tecer uma corda de lã
ou de algodão, ou pendurar as
cordas pendentes a partir da frente da corda principal ou de trás.
Num código estrito de sete bits,
isso daria 128 permutas (o número dois elevado à sétima potência), mas Urton disse que, devido
ao fato de haver 24 cores nos "quipu", o número real de permutas
seria 1.536 (26 x 24).
Isso poderia significar que o código usado pelos incas permitia
que eles processassem 1.536 unidades de informação, em comparação com as mil estimadas nos
sinais cuneiformes sumérios.
Se Urton estiver certo, isso significa que os incas não só inventaram uma forma de código binário
500 anos antes da invenção do
computador, mas também que
eles a usaram como parte da única
linguagem escrita tridimensional
do mundo. "Eles podem tê-los
usado para representar um monte de informações", afirma.
"Cada elemento pode ter tido
um nome, uma identidade ou
uma atividade como parte da narração de uma história", diz. "Eles
teriam usado sua forma de armazenar conhecimento da mesma
maneira como usamos palavras."
Há evidências narrativas de que
os "quipu" eram mais do que simples ábacos pré-colombianos. Os
espanhóis capturaram um inca
tentando esconder um "quipu"
que, segundo ele, registrava tudo
que havia sido feito em sua terra.
O instrumento foi queimado.
Para provar sua hipótese, Urton
se volta para um cemitério incaico
no norte do Peru onde ele diz ter
descoberto uma coleção de 32
"quipu" da época da conquista.
Ele espera que documentos espanhóis do mesmo período contenham a tradução de um deles.
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