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BIOMEDICINA
Cientistas suecos pretendem testar possíveis efeitos contra células tumorais; estudo saiu na "New England"
Proteína de leite humano liquida verruga
DA REDAÇÃO
Um creme feito com leite humano e apelidado de "Hamlet" é
capaz de reduzir dramaticamente, e por vezes eliminar, as mais
teimosas verrugas comuns, relatam pesquisadores suecos.
A abreviação corresponde a "alfa-lactoalbumina humana tornada letal para células tumorais",
em inglês. É o ingrediente ativo
que força células de verruga a se
autodestruírem, após se acumular nos seus núcleos e interferir
com seus processos de controle.
Os resultados estão sendo publicados hoje no periódico científico "New England Journal of Medicine" (www.nejm.org). Há a expectativa de que se apliquem além
do tratamento de verrugas, porque a mesma classe de vírus que
as causa pode também ser responsável por câncer cervical (do
colo do útero), verrugas genitais e
alguns tipos de câncer de pele.
Como os médicos podem eliminar verrugas por congelamento, o
novo creme "provavelmente nunca será capaz de competir com as
terapias baratas existentes para
verrugas virais cutâneas", disseram Jan Bouwes Bavinck e Mariet
Feltkamp, da Universidade de
Leiden (Holanda), num comentário publicado no mesmo número
da revista médica.
"O desafio real, portanto, será
provar que o creme também é eficaz no tratamento ou na prevenção de outras condições relacionadas com o papilomavírus humano [HPV]", afirmam os autores do comentário. As verrugas
mais comuns, que normalmente
aparecem nas mãos e nos pés, podem se tornar resistentes a tratamentos com cremes.
A equipe sueca de pesquisadores, liderada por Lotta Gustafsson, da Universidade de Lund,
descobriu que três semanas de
tratamento diário com a alfa-lactoalbumina humana e com ácido
oléico reduzem o tamanho das
verrugas em 75% ou mais em todos os 20 voluntários que participaram do estudo.
Uma redução semelhante foi
verificada em apenas 15% dos outros 20 pacientes que foram tratados com um creme-placebo (fórmula farmacêutica sem atividade). Os pacientes do grupo de
controle foram depois medicados
também com o creme que estava
sendo testado. Dois anos depois,
todas as verrugas tinham desaparecido em 83% de todos os 40 voluntários, que haviam sido escolhidos porque suas verrugas não
estavam mais respondendo aos
tratamentos convencionais.
"Essa acumulação nuclear não
ocorre nas células sadias, que permanecem viáveis na presença da
alfa-lactoalbumina e do ácido
oléico", afirma a equipe de Gustafsson no artigo para a "New England Journal of Medicine".
"Isso pode ter relevância para o
tratamento do câncer cervical",
disse Catharina Svanborg, outra
das autoras, sob o argumento de
que células cancerosas e infectadas por vírus são similares.
Os pesquisadores planejam iniciar testes de pequena escala com
o composto em mulheres com esse tipo de tumor. Mas Catherine
Laughlin, do Instituto Nacional
de Alergia e Doenças Infecciosas
dos Estados Unidos, pediu cautela: "Qualquer potencial de longo
prazo para qualquer doença devastadora é ainda muito especulativo, no estágio atual.
São conhecidos 130 tipos de papilomavírus humano. Quase todos os casos de câncer cervical são
causados por dois tipos transmitidos sexualmente. Outros tipos
causam verrugas de pele e genitais, além de tumores de pele e de
garganta que raramente são mortais. Muitas pessoas carregam vírus em células da pele, mas nem
sempre eles causam doença.
Cientistas já sabiam que o leite
materno contém um antibiótico
natural, mas seu potencial contra
vírus foi descoberto por acaso.
A equipe estava testando meios
de combater a superinfecção bacteriana (bactérias que atacam células já infectadas por vírus). Aplicada a alfa-lactoalbumina a células tumorais de pulmão, morreram tanto bactérias quanto células, pois a proteína do leite havia
formado ligação com outro componente do leite (ácido oléico) e
originado o composto Hamlet.
Com agências internacionais
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