São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2010

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Parasita da malária invadiu ser humano vindo dos gorilas

Análise genética conduzida por americana revelou parentesco entre micro-organismos

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

Estudando o material genético do parasita causador da malária, encontrado em quase 3.000 amostras de fezes de grandes macacos, cientistas demonstraram que o micróbio tem origem no gorila, e não no chimpanzé, como se acreditava até agora.
Não se trata de mera curiosidade científica. Entender a origem da doença é importante para combatê-la, e o estudo da relação entre parasita e hospedeiro pode dar pistas sobre o surgimento de novas epidemias e pandemias (epidemias globais).
A equipe liderada por Beatrice Hahn, da Universidade do Alabama em Birmingham (EUA), procurou nas amostras traços de parasitas da malária aparentados ao mais letal dos causadores da doença no homem, conhecido pelo nome científico de Plasmodium falciparum.

ÁFRICA OCIDENTAL
Mais de 1.000 pedaços de genes, originados de chimpanzés e gorilas, revelaram seis linhagens básicas, representando espécies distintas de Plasmodium. "Uma delas, de gorilas da África Ocidental, compreendia parasitas quase idênticos ao P. falciparum", escreveram Hahn e mais 21 colegas na revista científica "Nature".
A descoberta joga um banho de água fria na hipótese de origem no chimpanzé. Esse grande macaco também tem o seu parasita de malária, o P. reichenowi, que parecia ser o parente mais próximo do P. falciparum.
Era "razoável" crer que as duas espécies divergiram ao mesmo tempo em que homem e chimpanzé se separaram do seu ancestral comum, algo entre 5 milhões e 7 milhões de anos atrás.
"Vamos checar a infecção por Plasmodium em seres humanos vivendo perto de de macacos selvagens para caracterizar seu espectro total de parasitas infectantes", disse Hahn à Folha.
"Isso vai nos permitir determinar se existem mais parasitas de macaco nessas populações, além dos P. falciparum normais", explica.
"É importante saber se os parasitas de macaco são capazes de infectar seres humanos, mesmo que essas infecções não contribuam para a mortalidade por malária, porque nos daria uma pista antecipada de que tais parasitas têm o potencial de colonizar humanos se o P. falciparum for erradicado."


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