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Parasita da malária invadiu ser humano vindo dos gorilas
Análise genética conduzida por americana
revelou parentesco entre micro-organismos
RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
Estudando o material genético do parasita causador
da malária, encontrado em
quase 3.000 amostras de fezes de grandes macacos,
cientistas demonstraram que
o micróbio tem origem no gorila, e não no chimpanzé, como se acreditava até agora.
Não se trata de mera curiosidade científica. Entender a
origem da doença é importante para combatê-la, e o estudo da relação entre parasita e hospedeiro pode dar pistas sobre o surgimento de novas epidemias e pandemias
(epidemias globais).
A equipe liderada por Beatrice Hahn, da Universidade
do Alabama em Birmingham
(EUA), procurou nas amostras traços de parasitas da
malária aparentados ao mais
letal dos causadores da
doença no homem, conhecido pelo nome científico de
Plasmodium falciparum.
ÁFRICA OCIDENTAL
Mais de 1.000 pedaços de
genes, originados de chimpanzés e gorilas, revelaram
seis linhagens básicas, representando espécies distintas
de Plasmodium. "Uma delas,
de gorilas da África Ocidental, compreendia parasitas
quase idênticos ao P. falciparum", escreveram Hahn e
mais 21 colegas na revista
científica "Nature".
A descoberta joga um banho de água fria na hipótese
de origem no chimpanzé. Esse grande macaco também
tem o seu parasita de malária, o P. reichenowi, que parecia ser o parente mais próximo do P. falciparum.
Era "razoável" crer que as
duas espécies divergiram ao
mesmo tempo em que homem e chimpanzé se separaram do seu ancestral comum, algo entre 5 milhões e 7
milhões de anos atrás.
"Vamos checar a infecção
por Plasmodium em seres humanos vivendo perto de de
macacos selvagens para caracterizar seu espectro total
de parasitas infectantes",
disse Hahn à Folha.
"Isso vai nos permitir determinar se existem mais parasitas de macaco nessas populações, além dos P. falciparum normais", explica.
"É importante saber se os
parasitas de macaco são capazes de infectar seres humanos, mesmo que essas infecções não contribuam para a
mortalidade por malária,
porque nos daria uma pista
antecipada de que tais parasitas têm o potencial de colonizar humanos se o P. falciparum for erradicado."
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